quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Maternidade antes, Vaidade depois


 Eu sempre tive vontade de ter um filho - aquele instinto maternal bateu forte em mim durante anos e anos.

Eu sonhava com uma família, daquelas de comercial de margarina: pai, mãe, filh@ e cachorro.

Bem, eu quase consegui.

Esse quase à parte, o sonho de ter um bebê vem de uma menina que coloca a família em primeiro lugar.

Sempre fui dessas de deixar prevalecer aquilo que não é palpável: o afeto, o carinho, o amor. Eu sou feita assim, de momentos.

A mim não interessa dinheiro, as coisas que posso ou não comprar - o que eu quero mesmo é ter mãos dadas durante o dia e pés enroscados durante a noite.

É isso que dá sentido à vida. É isso que preenche a gente.

O que eu valorizo é o apoio, o caminhar juntos, a conversa jogada fora, o riso solto e aquele abraço no meio da madrugada.

Foi, é e sempre será assim, porém, cada vez mais leve e menos indolor, porque se a vida ensina, a gente aprende.

O que eu não sabia mesmo é que a maternidade era tão pesada.

Escolhi esse termo porque achei condizente. Não posso falar que é ruim, dolorosa, chata ou enfadonha, porque de fato ela é pesada, física e mentalmente.

Mas isso não é regra. Nem todas as mães vão ter o mesmo parecer. Mas acredito, piamente, que a grande maioria vai concordar comigo.

Presa naquele romantismo que as revistas e novelas pintam a maternidade, eu quis ter um filho. Era fofo, gostoso, agradável. E é tudo isso mesmo. Mas também é força, noites em claro, dias de pijama, cabelos sem lavar, unhas por fazer, depilação vencida e outras coisitas mais.

Me ver assim, tão desarrumada, me incomodou muito. E esse incômodo, durante algum tempo, era mascarado por uma raiva não sei de quê e uma irritação sem fim. Depois que eu fui entender que me chateava com o fato de não mais conseguir me arrumar.

As coisas mais simples da vida tornam-se grandes desafios quando nos tornamos mães. Por exemplo, pra eu escrever esse texto aqui a Maysa está na cama comigo, assistindo TV. Volta e meia ela baba e eu paro aqui pra passar o paninho ou ela sai rolando e eu dou outra paradinha pra arruma-lá na cama novamente.

São 12:39 e eu ainda não almocei. Se fizer isso agora esse texto só concluirei pela madrugada. Depois do almoço tem o banho, a soneca e lá se vai uma tarde inteira.

Enfim.

No primeiro mês ainda é possível se ajeitar um pouquinho mais, mesmo com um grau de dificuldade já presente. É que nesse período eles mamam, dormem, mamam, dormem. Da até pra você sorrir e dizer: mas não eu que vou andar a toa só porque tive um filho.

Mas aí nos meses seguintes você paga pela língua: o neném já passa mais tempo acordado, mama e não dorme, quer brincar, quer atenção, conversar. E você brinca, brinca, brinca e eles cansam. Querem mamar. E você fica horas ali com eles pendurados. E eles dormem. E você quer dormir também. Mas você não tomou banho. Então aproveita e vai lá. Durante o banho você ouve um choro. Opa! Ia lavar o cabelo, agora deixa pra amanhã. Mas amanhã eu ia depilar as pernas. Bom, talvez eu consiga fazer os dois.

Às vezes consegue. Consegue fazer até 3: lavar o cabelo, depilar e ver o facebook ( ou WhatsApp, ou ler uma matéria, tirar uma foto, fazer um lanche).

Mas em termos gerais você nunca irá está com tudo em dia! A menos que você tenha auxiliares, coisa não muito comum na realidade de muitas mamães.

Mesmo com a ajuda da minha mãe, da diarista e com o Mayco em casa, ainda assim eu fico apenas existindo, como diz a Thaynara OG. A gente quer fazer tanta coisa que acaba não fazendo nada.

É punk! É hard! Prova disso é que tô escrevendo aqui e ela já está chorando ali ( não faz nem 5 min que a coloquei na rede).

Atendi. Estou na rede, digitando com um dedo e usando a perna como apoio. O corretor ortográfico enche o saco, escreve o que não quero e eu tenho vontade de jogar tudo no chão e deixar pra depois. Mas vocês conhecem o depois, às vezes leva meses.

Até aqui eu já amamentei 3 vezes, dei banho e tentei que ela dormisse. Um texto que eu escreveria em 1 hora levo quase o dia todo. Ou a semana. Ou meses. E ainda tenho uma lavagem de cabelo prevista pra hoje. Kkkkkkk

Tem dias que quero me arrumar: secar o cabelo, colocar uma maquiagem, usar uma roupa que me valorize. Mas aí eu experimento um short e vejo que não dá porque as blusas que se usam com ele não servem pra amamentar. Aquele vestido legal tá de recesso até que os seios sejam de novo meus, porque só se eu enfiar Maysa por baixo do vestido pra ela mamar.


E eu desisto fácil. Acolho essa necessidade. Pego uma roupa leve, em que eu possa baixar a alça e satisfazer a minha filha com mais praticidade: primeiro a maternidade, depois a vaidade.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O Primeiro, O Segundo, O Terceiro e o Quarto Mês



Parece até que abandonei o blog, mas não, eu apenas me tornei MÃE.

Da condição de grávida, que passava o dia em casa escrevendo e cuidando do enxoval, passei a ter uma rotina altamente puxada, em que todo tempo que me sobra quero apenas descansar, sem precisar me concentrar em mais nada ( até porque a gente não consegue mesmo).

Tive saudade de escrever, postar e compartilhar todas as novidades que experimentei até aqui.

Até cheguei a começar alguns textos, mas a neném chorava, o sono batia e eu acabava deixando pra depois. Esse depois, sem que eu me desse conta, levou meses.

Mas agora parece que consegui me organizar um pouco e dar conta de um blog e uma bebê. Parece!

Então vamos lá, num resumo pra lá de prático desses 4 meses. Os outros tentarei escrever com mais detalhes e separadamente. Tentarei!

No post anterior contei da nova rotina, de quando o umbigo da Maysa caiu e até mesmo da minha recuperação.

Aqui vou falar das primeira idas a pediatra, das primeiras vacinas e das descobertas desses últimos dias.

Vamos lá...

Com um mês a gente já tem muita coisa pra dividir, muita mesmo. Todos os dias [a]notamos pequenos detalhes.

Com um mês nosso neném, antes minúsculo, já ganhou peso e cresceu. E aí começa a tomar aspecto de bebê e não mais de RN: os traços começam a ficar mais definidos porque o inchaço dos primeiros dias vai desaparecendo.

Com um mês eles já passam um tempinho acordados - se antes mamavam e dormiam, agora mamam e ficam de olhinhos arregalados. Observam tudo, como se entendessem alguma coisa.

Mas logo bate o cansaço
e vem aquela soneca.

Nesse período, nós, mamães, somos muito requisitadas - peito praticamente a cada duas horas, varando pela madrugada. Como o estômago deles é pequenino, assim que fazem cocô ficam logo de barriga vazia, e aja peito. E braço. Kkkkkkk

Senti muita dor de cabeça no primeiro mês, resultante ainda da anestesia. Mas graças a Deus foi melhorando.

Nos primeiros dois meses eu tomava Tylenol praticamente todos os dias, de tanta dor pelo corpo: braços, costas, ombros. Um bebezinho, por mais leve que seja, nos cansa, porque ficamos com eles nos braços por horas e horas, seja amamentando, colocando pra arrotar ou dando banho.

Os primeiros dois meses foram MUITO cansativos. Além de está me familiarizando com esse novo mundo, eu me sentia mentalmente esgotada.

Foi difícil me deixar em segundo plano. Eu sempre fui bem vaidosa. Sem excesso, tá? Quis dizer no sentido de gostar de andar arrumadinha, unhas feitas, maquiagem básica, cabelo lavado a cada dois dias. E depois que a Maysa nasceu qualquer dessas coisas é puro LUXO.

No primeiro mês eu até conseguia me ajeitar mais, já que eles dormem por mais tempo. Mas aí quanto mais o tempo passa, mais ativo eles ficam. As sonecas são cada vez menores e cada vez mais eles solicitam nossa atenção, em especial agora, que já interagem bastante.

Eu achava que as pessoas exageravam quando diziam não ter tempo pra mais nada.

Pasmem, é verdade!

O tempo que temos não queremos dedicar a essas coisas, porque estamos tão cansadas que nos contentamos em olhar o facebook e dar uma conversada no WhatsApp. E rápido, porque em poucas horas o bebê vai te solicitar.

Ir a pediatra me ensinou uma série de coisas, tipo: deixar as coisinhas da Maysa prontas um dia antes. Isso mesmo. Se sei que vamos sair um dia antes eu já deixo tudo na malinha: fraldas, cueiro, lenço umedecido, pomada, remédios. Eu separo, inclusive, a roupinha que ela vai usar no dia seguinte. Tudo tem que ser bastante programado com crianças.

Pra eu me arrumar como quero preciso começar a me organizar cedo. Separo minha roupa também, lavo o cabelo um dia antes e no dia da saída, dou o banho dela, deixo-a de fralda, vou me arrumar e volto pra arruma-la. Mas olha, não é tão simples não. Nesse espacinho de tempo ela já quis mamar, eu já coloquei pra arrotar, tive que trocar a blusa porque sujou de golfada. Enfim, você que já é mãe sabe. E você que não é ainda vai saber.

Já disse pro Mayco que não existe mais o " vamos ali rapidinho". Rapidinho é uma ova! Pra ir ali rapidinho tem que ter no mínimo uma malinha pronta.

E se tem uma coisa que eu aprendi foi a me tornar solidária com outras mães. Se eu vejo uma em apuros ofereço ajuda. Já entendi a luta que é sair de casa com bebês, o quanto isso nos deixa esgotadas e o quanto as pessoas gostam de se meter aonde não são chamadas. Aff

Construir uma rotina com a Maysa foi uma coisa muito natural. Nós passamos um mês na casa da minha sogra ( teve uma queimada aqui perto e minha casa ficou cheia de fumaça, isso pra um bebê é terrível). Esse período lá foi de muito aprendizado, já que ela tem muita prática com criança. Eu observava tudo, o banho, a agilidade pra medicar e todos os outros detalhes. Ela me ajudou muito, muito mesmo!

Tive até medo de voltar pra casa, porque me senti insegura - um medo enorme de não dar conta.

Mas esse medo foi passando a medida que acostumávamos a nossa casa. Aqui a Maysa tem o espaço dela, eu tenho o meu e nós construímos uma rotina. Não foi necessário induzir ou forçar nada.

Nos primeiros dias, de volta à nossa casa, eu tremia na base - e se ela chorasse e eu não conseguisse acalmar? E se eu não entendesse o que ela queria? E se ela engasgasse a noite sem que eu visse? Como eu daria banho sozinha?

Mas a Maysa teve calma comigo. Ela foi e tem sido super boazinha. É uma bebê tranquila. Não é manhosa. Chora se estiver com a fralda cheia, com fome e com frio ou calor. No mais, ela é só risos.

Ela dorme cedo, entre às 21:30 22h já está coçando os olhos pra dormir. E ela dorme sozinha. Juro!

Ela mama e às vezes cochila no peito. E aí eu a deixo na nossa cama até entra num estágio mais profundo do sono. E aí a coloco no berço. Esse estágio mais profundo chega em torno de 20 min.

Quando ela não cochila no peito eu a deito acordada mesmo na nossa cama, coloco um paninho na mão dela, a famosa naninha, e pronto, ela adormece sozinha.

Minha filha é uma dádiva! ❤️

E isso é dela mesmo. Não forcei nada.

E que aqui sempre foi assim. O Mayco chega tarde do trabalho. Quando ele chega vou preparar algo pra ele comer. E aí a gente sobe, toma banho e se troca pra dormir. Sempre a mesma coisa. Ela aprendeu a nossa rotina. Sabe que quando ligamos o ar e desligamos a luz tá na hora do soninho.

Quando retornamos pra casa trouxe o berço dela pro meu quarto. Aquele mimimi de " ahh, criança tem que dormir é no próprio quarto" não rolou. Moro numa casa grande, e pra nossa segurança foi melhor assim. Quando ela tiver mais idade ela volta pro quartinho dela.

Quem não curtiu muito foi meu marido, que disse que eu gastei um dinheirão no quarto pra ela n dormir lá. Mas e daí? Lá é o cantinho dela. Ali que ela vai brincar, guardar brinquedos, ficar com as amiguinhas e etc.

Não dei a mínima pra isso! Haha E hoje ele faz é reclamar quando ela não deita na cama com a gente.

Mas como eu disse, os dois primeiros meses são bem mais delicados. A Maysa teve cólicas. Era um chorinho tão sofrido que eu queria chorar junto. Não foram muitos episódios, mas o suficiente pra partir meu coração.

E olha que eu tenho uma alimentação bem equilibrada. A médica disse que é normal cólicas, soluços e espirros nos primeiros três meses, então relaxei. ( de verdade, hoje já vejo ela soluçar e não corro logo pra dar o peito, às vezes o soluço vai embora por conta própria).

O que eu não suporto mesmo são as vacinas! Ah gente, não acostumo não.

As duas primeiras, BCG e Hepatite B, fiz na rede particular, eu agendei e veio uma enfermeira em casa. Nossa! Quanta dor!

Coloquei a Maysa no peito sem ninguém ter me ensinado, eu simplesmente deduzi que aquilo a acalmaria ( depois li que isso é super recomendado, o leite tem uma espécie de anestésico e estimulam vc a dar na hora da vacina ou 5 minutinhos antes).

Ela não teve reação a nenhuma dessas vacinas. Foi só a dor ali na hora. Não teve nada além disso. Mas só isso já deixa a gente mal pra caramba. Ver nossos filhos reclamado de dor é a pior coisa que tem. Mas tudo bem, é pro bem deles.

Já nas vacinas do segundo mês ela apresentou febre e ficou muito molinha, chegou a bater 38,3. E eu dava Tylenol de 6 em 6. Eu fiquei desesperada! Foram 3 dias de muita agonia aqui em casa! Ela choramingava o tempo todo. Eu não via a hora de ter minha filha sorrindo de novo. ( ela é muito risonha mas durante esses três dias não estampou nenhum risinho pra gente).

Odeio essas vacinas! Odeio ver minha filha molinha! Mas eu sei que é um mal que vem pro bem. Então me esforço pra relaxar e aceitar.

A vacina do 3 mês está atrasada porque eu gripei e por tabela ela acabou resfriando também, ainda que eu tenha tomado todo cuidado: usei máscara, álcool nas mãos, remédios recomendados pela pediatra, nebulização.

Mas como ela só mama era bem difícil não pegar. Estamos em tratamento, as duas.

Falando em mamar, ela se alimenta bem. Muito bem. Nos primeiros dois meses ela cresceu 10 cm, 5 em cada mês, nesse último mês cresceu 2. Agora é normal crescer mais devagar. O crescimento mais rápido se dá nos primeiros 3 meses.

Minha filha já tem uma fisionomia bem clara. Ela já é uma bebezinha e não mais RN. E parece com o papai, pra minha indignação. Kkkkkkkkk

Os cílios apareceram no segundo mês. As sobrancelhas também. Entre o 3 e o 4 mês notei a chegada das lágrimas. O choro também muda. E a gente já identifica as necessidades deles de acordo com o choro.

Ela agora aprendeu a gritar. Grita de cansaço e de fome. E também quando está feliz.

Conversa demais. Muito mesmo. Se ficamos falando com ela é como se ela tentasse responder, a maneira dela mesmo.

Quando o pai chega em casa ela se desdobra em risos e começa a balbuciar. Parece que tá expressando saudade e alegria em vê-lo.

Tenho uma troca de olhares forte com a minha filha. Costumo dizer o quanto a amo quando ela está mamando ou brincando comigo. Ela sorri de volta com a boca e os olhos. Pra mim é como se dissesse: eu também, mamãe. E eu choro, emocionada.

Maysa adora tomar banho. Não dá  o menor trabalho. E eu já faço isso sozinha. Me viro mesmo. Antes eu pedia ajuda pra passar shampoo ou colocar a toalha. Agora dou conta - corto as unhas, limpo o ouvido, dou remédio.

A gente descobre que é capaz e que essa capacidade satisfaz os nossos filhos. Eles não querem nada além do nosso cuidado, amor e atenção. E
isso, nós mamães, temos de sobra.

Volto depois com textos mais ricos em detalhes do nosso dia a dia. Este aqui, resumo dos 4 meses, já está extenso o bastante.

Beijos e até a próxima.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Primeiros dias em casa, uma nova rotina

Que me perdoem as super poderosas, fantásticas e perfeitas, mas o lado B de ser MÃE também deve ser contado.

Deve ser contado porque existe, porque é real, porque é palpável e temos que saber lidar com ele. 

Deve ser contado pra que outras mães saibam que não estão sozinhas, que não são loucas nem tampouco lhes falta amor.

Deve ser contado pra que saibam que estão cansadas, que precisam de colo, carinho e compreensão. E que isso tudo faz parte desse ciclo. 

Deve ser contado porque é normal ter medo, dúvida, insegurança.

Deve ser contado porque em algum momento, em algum lugar, tem outra mulher passando o mesmo que nós.

A experiência que tenho ainda é pouca - agora que minha filha vai fazer um mês. Mas nesse meio tempo, garanto, já aprendi muita coisa.

Muita coisa que as pessoas não contam quando decidimos ser mães. Muitos detalhes que são esquecidos ( ou que não querem ser lembrados ). Muitas coisas que são superadas e que, talvez por essa razão, também não sejam expostas.

Dizer que compensa e que tudo vale à pena não é mero clichê, mas também não é só isso. Ser MÃE não é um jogo de compensação, mas uma descoberta diária, um amor indescritível e um eterno aprendizado.

Hoje, aprendemos a trocar fraldas, dar banho, colocar pra arrotar. Amanhã aprenderemos como fazê-los dormir sozinhos, não ter medo do escuro. Depois ensinaremos a falar, andar, pedir. E aí os educaremos, orientaremos, formadores que passamos a ser. É um círculo, um movimento contínuo.

Meus primeiros dias em casa tem sido totalmente diferente do que imaginei. Eu nem mesmo considerei a possibilidade de ser assim tão forte, tão real.

A verdade é que durante toda gestação me preparava pro parto, que eu tanto temia. O pós parto, eu supunha, seria mais leve, eu teria ajuda.

E realmente tenho: minha mãe e minha sogra praticamente se mudaram pra minha casa. Eu brinco que uma é enfermeira do dia e outra da noite. Porque é quase isso mesmo. Elas revezem - uma passa o dia e a outra dorme.

Mas antes de falar dessa parte, que envolve a minha nova rotina, quero contar da minha recuperação. 

Quando estava grávida eu lia muito a respeito dos partos, do puerpério: eu queria ter uma noção do que me aguardava. E agora chegou a minha vez de compartilhar com outras mamães minha experiência.

Então, concluí o último post contando sobre a chegada de Maysa para primeira mamada. E é aí que começa toda jornada.

Nos primeiros  QUATRO (bem grande mesmo que é pra não passar despercebido) dias    eu tinha apenas colostro. Aquele negocinho que vem antes do leite. Enfim. Eu espremia, espremia o peito e só apareciam umas gotinhas no bico. Aquilo não podia alimentar minha filha, pensei.

Mas as enfermeiras diziam que era normal, que com o passar dos dias o leite desceria. Em algumas mães os seios crescem durante a gestação e durante a própria gravidez já sai o colostro. Comigo não. Meus seios ficaram do mesmo tamanho, eles apenas tiveram uma sensibilidade mais exarcebada. Não me preocupei. Pelo tamanho natural deles, eu imaginava ter leite. E tenho, graças a Deus.

Mas, antes de saber que teria mesmo, sofri. Foram quatro dias ouvindo gente dizer pra eu dar NAM porque não teria leite. Quatro dias ouvindo que minha filha estava ficando com fome. Quatro dias que me deixaram a mulher mais duvidosa do mundo: eu estava permitindo que minha filha sentisse fome só porque não queria que ela tomasse outra coisa além do leite materno? Eu estava sendo egoísta?

Manteve minha decisão, mas não sem muito custo. Esses quatro dias foram delicados.
E, como em um passe de mágica, o leite realmente chegou. Bendito seja!

Maysa nasceu no dia 19 de agosto e no dia 20 já estávamos em casa. Rápido. Eu queria ter passado mais tempo na maternidade. Quando o médico deu alta pensei: como vou me virar sem todo esse suporte aqui? Aqui eu chamo e a enfermeira vem. Eu to protegida, minha filha está segura.

Mas não teve jeito, Dr. Genésio disse que estávamos prontas pra voltar pra casa e de manha mesmo me entregou a alta.

Logo ele chegou lá por volta das 08:30 e eu já estava de banho tomado, maquiada e tudo. Quando a enfermeira entrou pra me ajudar a banhar eu já estava era passando blush. Ela disse: gostei de ver, mãe ( essa palavra começou a fazer parte do meu dia a dia)! E eu, claro, fiquei toda feliz. Estava bem.

Voltamos pra casa: eu, Maysa, minha mãe e Mayco. 

Quando adentramos a nossa rua e paramos na frente de casa fiquei imaginando: é a primeira vez que minha filha vai entrar no seu lar, vai conhecer seu quartinho. Essa é a sua casa, Maysa. Seja bem vinda.

Era uma nova vida. Um novo ciclo. Eu formara uma família.

Subi a escada uma vez e por aqui fiquei. Não queria romper os pontos ou ter sangramento. Eu queria me recuperar rápido.

Não desci as escadas durante uma semana. Virei uma princesa na torre. Era café, lanche e comida subindo e descendo pra mim. Obrigada, mamãe! Obrigada, minha sogra!

Mesmo assim, a cirurgia incomoda, em especial no movimento deitar e levantar da cama. Os primeiros dias são terríveis. A gente tem a impressão de que tudo vai abrir. Tossir e espirrar era uma missão quase impossível.

Mayco me ajudou uns três dias nesse deita e levanta. Depois eu comecei a me virar, mesmo com dor. A gente acaba encontrando um jeitinho.

Sangrei durante 15 dias. Tem mulheres que passam mais tempo e outras menos. Meu fluxo não foi intenso. Nem era necessário absorvente cirúrgico, mas como eu havia comprado, usei esses mesmo. Quando acabou, usei os tradicionais. Hoje já não preciso: o sangue parou totalmente.

Perdi 09 kg na primeira semana e devo ter perdido o restante em seguida, já que minhas roupas voltaram a me servir normalmente.

Usei a cinta por três dias e desisti: absorvente pros seios, cinta, absorvente pra baixo. Naaaaaao! Muita coisa pra mim.

To com o mesmo corpo de antes da gravidez. Se emagrecer mais agora é lucro. Vou usar a cinta pra sair, já que gastei dinheiro. Hahahaha

Mas olha, amamentar pode doer. E no meu caso doeu, ainda dói. Mas no começo foi pior. Pior porque além de doer o peito eu sentia cólica. Cólica mesmo daquelas menstruais. Então você imagina um neném sugando teu mamilo com toda força que ele tem ( acredite, eles têm) e você se contorcendo de cólica e sentindo o sangue descer? Eu mordia meus lábios e pedia pra Deus me dar força. Mas a vontade que tinha era de sair correndo. 

A gente se sente mal. Um mal estar. Talvez como quando estamos de TPM. Ficamos sensíveis. Doloridas. Cansadas. Usamos aquelas calcinhas lá no alto (pra proteger a cirurgia). Sangramos. Não dormimos direito. Dói os braços. Dói as costas. Dói até o nosso juízo! 

Mas é NORMAL. Faz parte do processo.

O umbigo da Maysa caiu com 5 dias. E com 10 dias eu tirei os pontos. Dois, diga-se de passagem, o restante é colado. 

Com 10 dias eu já estava bem melhor. Já descia pra me alimentar. Já podia tossir e espirrar sem medo. O sangue já quase não aparecia. Minhas roupas me serviam. E meu leite estava ok.

Oba, estávamos entrando na nossa rotina.

Comecei a  ter enxaqueca. Daquelas que não passam com remédio. Soube que era da anestesia: se quando está deitada não dói e quando levanta dói, possivelmente é efeito dessa abençoada.

Minha alimentação é equilibrada. Evito mesmo tudo que pode causar cólica. Mesmo assim ela teve no 3 dia. Foi bem ruim essa experiência. Mas o nome do remédio é Flagas, a nossa simeticona, sendo infantil. Isso que a ajudou. E me ajudou também, porque corta nosso coração ver nossos filhos sofrendo.

Falando em sofrer, tudo é uma dor: não gosto de vê-la com soluço, nao gosto de vê-la espirrando. Fico agoniada quando ela demora arrotar e quando abre o berreiro na hora do banho ou da troca de fralda. Quero correr com tudo pra que ela não chore. Não porque não quero que ela chore por nada, mas porque tenho medo que ela se engasgue, beba fôlego, essas coisas.

Tudo, tudo dá um enorme medo na gente! Eles são tão frágeis, vulneráveis, indefesos. E é dai, tenho certeza, que nos tornamos verdadeiras leoas pra cuidar dos nossos filhotes. É a nossa cria, devemos protegê-los.

Hoje, faltando uma semana pra que Maysa complete um mês, posso dizer que estou bem recuperada da cirurgia. Subo e desço escada. Faço meus lanches. Deito e levanto da cama normalmente. Já durmo de bruços (estava com saudade disso). Não uso mais absorvente. Não to mais inchada. Minhas roupas me servem. O cuidado agora é com a alimentação. A cirurgia ainda cubro com gaze, a pedido do médico. Isso pra que não fique roçando não roupa e infeccione. Ele pediu pra manter assim por um mês. 

O detalhe é que o local da cirurgia parece anestesiado o tempo todo. Ele disse que vai ficar assim um bom tempo. Ok. Isso é de menos.

Demais mesmo é a nova rotina. Ahahah Aquela coisa de ficar sem tempo pra um banho demorado, comer comida gelada, não fazer as unhas...é tudo VERDADE! Hahahah Mas não devemos levar assim ao pé da letra.

Acontece assim: a neném está dormindo, vou tomar um banho e lavar o cabelo. Você solta o cabelo no chuveiro e ela chora. Pode carregá-la quem for, ela quer peito. Quem tem é você. Deixe o cabelo pra depois.

" Dandara, vai almoçar enquanto ela tá dormindo." Sento com a comida e " nheeem nheeem" alguém quer mamar. Como com ela no colo ou a coloco pra mamar e almoço depois.

Já sei mais ou menos os horários que ela dorme. Oba, vou marcar pra manicure vir. Começo a fazer as unhas com sucesso, ela tá dormindo. De repente, coco. Na troca de fralda já era. Precisa de peito pra acalmar. Borra uma unha. Pinta de novo. A gente consegue.

" Cochila enquanto ela dorme ". To sem sono. Vou olhar o face, o Instagram e responder WhatsApp. Quando dá sono quem acordou, quem, quem, quem?

" Ela mamando às 23h tu só vai amamentar de novo lá pras 03h. 00:00 quem entra no quarto, quem, quem, quem?

É assim. Mas é claro que conseguimos lavar o cabelo, comer, fazer as unhas e dormir, ainda que não durante mais que 4 horas consecutivas ( quando isso acontece tenho a impressão de que dormi um dia inteiro).

Fala-se nessas dificuldades porque elas realmente acontecem. Não são regras. Mas eventualmente acontecerão. São inevitáveis. 

Maysa não gosta de ficar suja. Se está com a fralda cheia ela chora. Chora de fome também. E chora no banho, quando está de frente, porque de costas ela fica que é uma beleza. E nesses últimos três dias tem chorado só pra ficar no braço. Não me importo de dar colo. Dou. Mas amam-se tra já cansa as articulações, colocar pra arrotar termina de doer. Ainda manter no colo? Só com ajuda. É muito braço.

Sinto dores nos braços, nas costas. Dói mesmo. Tomo paracetamol.

Às vezes tudo que quero é ficar deitada, descansar, ter uma massagem. Fico aliviada quando minha mãe e minha sogra a pegam. Elas me ajudam muito. Elas me mantém de pé. 

Mas tem horas que só a gente resolve: é o cheiro da mãe, o colo da mãe. E damos. Nós damos. Damos o nosso melhor. Nós doamos por inteiro.

Quem vê de fora pensa quem é fácil: tá com um bebê que come e dorme em casa, tem temp pra descansar. Passa o dia em casa sem fazer nada. Rum! Convido a experimentarem esse nada. Só sabe quem passa. É assim.

Por isso dizem que só damos valor às nossas mães quando nos tornamos mães. Não que eu não valorizasse a minha, mas agora eu realmente compreendo todos os porquês.

Se você está grávida pegue 10 minutos de sol nos seios diariamente, isso vai ajudar pra que seus seios não rachem. Use a pomada que lhe indicarem. Peça pra que alguém fique com você durante a sua quarentena, você vai agradecer por isso.

Os pais, por mais que ajudem, nunca estão 24h conosco. Alguns acham que fazem demais, outros nem consideram fazer o de menos.

Eu não me tornei chata, intolerante nem exigente, mas eu tenho pedido tempo, espaço, tranquilidade pra me entender com essa nova rotina.

Não tenho vergonha de dizer quando não quero visita. Às vezes eu não quero mesmo. E não acho que seja falta de educação informar que hoje você não está num bom dia, por exemplo.

As vezes passamos a noite em claro, o neném chorou o tempo todo. E tudo que queremos é uma horinha de sossego. Isso é natural. Acho que quem não compreende isso não tem bom senso. 

Às vezes estamos cheia de dor, não há posição confortável pra conversar, queremos nossa cama, apenas. É normal.

Deve-se entender que tudo isso é passageiro. Com o tempo todos estarão adaptados e tudo começará a funcionar sem muito esforço. 

Bom, tenho mais mil coisas pra dividir, mas o texto já está bem extenso, de modo que o restante fica pra depois.

Beijos e até a próxima! 


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

O Grande Dia

O Grande Dia

Eu tenho que escrever sobre isso que é pra reafirmar a ideia de ter Maysa como filha única.

E digo isso não por negligência a maternidade, mas pela consciência de que uma gestação numa pessoa com ansiedade e depressão torna-se um processo muito sofrido e doloroso, a incluir o parto.

Pelos posts anteriores vcs devem ter percebido o quanto os últimos 9 meses foram difíceis pra mim: abri mão dos remédios, não me dei com o alternativo e me esforcei, dia após dia, pra que tudo corresse da melhor forma possível, sem impacto algum para minha filha.

Não foi fácil. Não é fácil. Controlar a mente, na verdade, é uma das coisas mais paradoxais que já vi: num dia quase que impossível, no outro já mais leve, ainda que por algumas horas.

No meu caso o que corrói é o medo, medo de TUDO. A tensão gerada por todo esse medo me deixa muito, muito mal. E, por mais que eu saiba que é tudo fruto da minha imaginacao, nao é facil erradica-los, em especial pq eles acabam sendo somatizados. 

E tudo isso misturado as próprias alterações geradas pela gravidez nos deixa absolutamente estafadas.

Contudo, conversando com algumas amigas que são mamães também, descobri que nada disso é um bicho de 7 cabeças. Tudo que vivi não passa de uma série de transformações pelas quais todas as mulheres que disseram SIM a maternidade também passam. Eu apenas tensiono mais com todas essas alterações, dificultando todo o ciclo.

Enfim, assumo com toda minha verdade que esses agravos são de minha inteira responsabilidade.

Isso à parte, quero compartilhar como foi meu encontro com Maysa.

Esse era o momento mais temido durante toda gestação - eu tinha medo de dar alguma coisa errado, de ser insufuciente ou ter uma crise de pânico na hora. Eu imaginava o efeito da anestesia, a descoberta de uma reação qualquer a um medicamento utilizado na hora. Eu pensava, inclusive, que podiam me abrir e encontrar alguma coisa além da minha filha lá dentro, como um mioma por exemplo.

Tudo passa na nossa cabeça, inclusive o medo de morrer!

Durante esses 9 meses eu preparei minha mente pra isso. Todo tempo pensando no lado bom. Mas a verdade é que nunca consegui inibir a outra parte - aquele temor estava sempre ali me assombrando, tirando a minha paz.

Mas, por incrível que pareça, na última semana consegui dormir, coisa que há um tempo não fazia mais com tanto vigor. 

Um dia antes da cirurgia pensei que iria passar a noite em claro. Mas eu novamente eu dormi.

Acordei no horário e me ajeitei. Coloquei um vestido legal, passei uma maquiagem básica e arrumei o cabelo. Eu estava pronta para receber Maysa.

A minha tranquilidade era advinda da minha família: todos de camisa " Bem Vinda, Maysa".

Na maternidade todo mundo comentou que nunca haviam visto uma espera tão grande. A pediatra disse: Maysa é uma criança muito amada!

Quando fui chamada pro Centro Cirúrgico não consegui conter as lágrimas - eu sairia dali com minha filha na barriga e voltaria com ela nos braços. 

Meu marido, que renunciara a participação no parto, 15 dias antes mudou de ideia e realmente entrou comigo. Pensei que na hora H ele fosse voltar atrás. Mas ele me surpreendeu. Rs

Entrei sozinha pro preparo e ele ficou aguardando. Imaginei que ele fosse junto na mesma hora.

Eu nunca havia me deparado com um centro cirúrgico. Que coisa horrível, pensei.

Uma maca no centro da sala, aparelhos de pressão e pra conferir os batimentos cardíacos. Vários "botijões" de oxigênio e muitos profissionais transitando de um lado pro outro. Para além de muitos remédios.

Trocaram minha roupa pela segunda vez e me puseram deitada. Aquelas pessoas de máscara e touca passavam por mim sem nada dizer. Eu via seus olhos e ficava aterrorizada, procurando meu médico em cada um deles.

Permaneci deitada durante uma hora ( havia um relógio na parede em que eu não tirava a vista ). Quanto mais o tempo passava mais eu me agoniava.

Até que a pediatra se apresentou pra mim e disse que acompanharia o parto, era a profissional responsável pela Maysa.

Me mandaram deitar de lado pra respirar melhor, eu e a neném. Deitei.

E ai chegou o anestesista sorrindo e dizendo: cesárea é uma cirurgia que todo mundo gosta de fazer.

Respondi: não eu! Kkkkkkk

Me puseram sentada. Eu já sabia que viria a famosa anestesia.

Reclamei, não da dor, mas do incômodo: ai ai ai! Foi rápido. Me colocaram deitada.

Eu disse que minhas pernas estavam queimando e ouvi responderem: ótimo, sinal que a anestesia está fazendo efeito.

Que coisa louca! Eu tentava movimentar meu corpo do peito pra baixo e nada. Eu estava paralisada! 

Tentava me mexer como se estivesse dançando, mas nada. Estava tudo inerte.

Vi entrar um dos cirurgiões e disse que estava nervosa. Perguntei por Dr. Genésio e de imediato ele se mostrou pra mim. Sorri agradecida.

Colocaram a cortina, aquela famosinha que a gente vê nas fotos.

Vai começar, tremi na base. Deus me abençoe.

Rezei, rezei, rezei. Rezei Pai Nosso, Ave Maria. Eu me concentrei em pedir a Deus um bom parto.

Senti falta de ar, disseram que minha respiração estava normal: era só nervosismo.

Meu nariz entupiu, os dois lados. Informei que não conseguia respirar. Colocaram oxigênio.

Ouvi: chama o marido, manda o marido entrar!

Vi Mayco todo de verde, ali do meu lado. Ele perguntou se eu estava bem e eu disse que não.

Olhei pro lado e vi o anestesista colocando um remédio injetável, ele explicou que era um sedativo pq eu estava muito tensa.

Eu queria que acabasse logo. Eu estava nervosa.

Mayco disse: ela nasceu, Maysa saiu.

Eu não me contive. Comecei a chorar.

A trouxeram do meu lado. Foi tão rápido. 

Fechei os olhos e agradeci a Deus pela minha filha. Faltava " me fecharem".

Dai em diante não recordo mais nada. Lembro apenas de me passarem pra outra maca e me colocarem no corredor.

Todos falavam dos meus olhos e perguntavam se a nene tinha nascido com eles assim, azuis.

Não lembro de como foi quando cheguei ao quarto. Eu estava sonolenta.

Lembro de mais uma vez me passarem da maca pra cama.

E lá estava Maysa, toda de rosa, a espera da primeira mamada.

Foi um dia tenso, mas Deus colocou suas mãos sobre nós e deu tudo certo.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Últimas consultas, parto autorizado

Gente, conforme combinado, cá estou a escrever antes do parto. A diferença é que no lugar de duas postagens, vai rolar só uma.

Isso porque nossa previsão eram de duas consultas antes da cirurgia, mas acabou que só tive mais uma ( a próxima já é a internação). Então vou aglomerar tudo em um texto só.

No último post eu disse que tinha uma consulta no dia 09/08. E tive. Estava eu lá no consultório bem cedinho. Enquanto aguardava, fui ao banheiro algumas vezes (normalíssimo nessa reta final) mas fiquei desesperada quando olhei pro vaso sanitário e vi SANGUE!

Sabe quando estamos menstruadas e quando fazemos xixi vem tudo junto? Pois é. Foi assim.

Pensei: minha bolsa estourou! Graças a Deus que estou na maternidade.

Saí do banheiro lacrimejando e comuniquei a recepcionista que precisava ser atendida urgente. E fui.

Dr. Genésio perguntou quando esse sangramento havia começado e se eu sentia dor. Respondi que não sentia absolutamente nada. Se não verificasse o vaso antes de dar descarga nem saberia que havia sangrado. E havia começado ali, naquela manhã.

Ele me mandou deitar e pro meu desespero colocou a luva. Precisava fazer o TOQUE. Era necessário saber se eu estava dilatando, se havia dado início ao trabalho de parto.

Incomodou. Doeu. Reclamei. Mas deu tudo certo. A única coisa errada é que na luva não veio uma gota de sangue e que não havia 1% sequer de dilatação.

De onde estava vindo aquele sangue?

Fui ao banheiro mais algumas vezes e em todas elas o sangramento me acompanhava.

Ele pediu que eu fizesse um ultra-som imediatamente. Fiz.

Tudo certinho com a Maysa. Batimentos cardíacos normais, placenta ainda longe do útero, respiração ok, movimentos ok. O médico ainda disse que ela está gordinha (3,42) e tem muito cabelo (ainnn lacinhos mil em casa).

Não foi detectado hematoma, tumoração ou qualquer outra coisa que fizesse menção ao sangramento.

O médico disse que poderia ser início do trabalho de parto, que em uma primegesta( mãe pela primeira vez ) como eu, poderia levar horas ou até mesmo 10 dias. Isso se desdobraria em pequenos sangramento e nas famosas contrações de treinamento ( que se eu já senti não soube identificar).

Outra possibilidade seria ela ter "descido" , encaixado mais, e aí acabou por pressionar o útero e romper algum vasinho.

Dadas as explicações do médico, Dr. Ricardo, fui levar o resultado pro Dr. Genésio.

Ele já não achou que isso seria início do trabalho de parto, considerou mesmo a hipótese de haver rompido um vaso.

Pediu pra que eu mantivesse a calma e observasse os dias consecutivos, se teria mais sangue ou alguma dor se manifestaria.

Voltei pra casa insegura, mas considerando a palavra dos especialistas. Se houvesse alguma coisa de grave eu teria ficado logo por lá.

O sangue persistiu ao longo do dia. E eu, desesperada, mandava WhatsApp pro médico sempre que ia ao banheiro.

Informei que em dado momento veio até um coágulo. Ele ficou monitorando pelo telefone e já à noite resolveu pedir que eu fosse pro consultório pela manhã bem cedo.

Meu Deus, vou parir amanhã! Pensei.

E foi aquela correria. Coloca o kit berço, confere a mala de Maysa, organiza minha mala, guarda as lembrancinhas, vai encher balão, comprar refrigerante. Gente, corre com o licor! Encomendem rosas, não esqueçam as taças, coloquem as areinhas no forno.

Ufa! Cedinho lá estava eu e Mayco no carro. Ele perguntou como eu me sentia. Por incrível que pareça, eu estava tranquila. Sem medo, sem estresse, sem dor. Eu me sentia preparada pra receber minha filha. E isso ia de encontro a todo meu histórico de depressão e ansiedade, que dificultou muito minha gestação, como descrito em posts anteriores.

Mais uma vez Dr. Genésio pediu que eu deitasse, mediu minha barriga e chamou a atendente. Pediu um espéculo. Aquela coisa que usam quando vamos fazer preventivo.

Aquilo doeu mais que o toque. C-R-I-S-T-O!

Mais uma vez, nada de errado. Tudo certo, útero limpo. Só não vimos o colo. O sangue pode ser de lá.

A incerteza da razão desse sangramento é que me incomodava. Mas ele disse pra eu relaxar. Era uma quinta-feira e ele pediu que voltasse lá na segunda. Manteve a previsão de parto pro dia 22/08.

Os dias se passaram e o sangue persistia. Paralelo a isso, um nervosismo extra começava a aflorar. Falta de ar, dificuldade pra me manter sentada, deitada. Concentração zero, inchaço a mil ( inclusive as pernas ). Pés doloridos, mãos sem força. E azia, azia pra dar e vender. E agora não tem Mylanta que dê jeito. Não passa. Simplesmente não passa. Queima até cansar. Além disso, notei um corrimento. É branco e não tem cheiro. Li que às vésperas do parto é bem normal, já que o bebê se prepara pra nascer e libera o muco. Ok, tá explicado.

No sábado o sangue resolveu dar uma trégua, mas isso não durou nem um dia inteiro, a noite lá estava ele dizendo: olha eu aqui! Hunf

O estranho é que eu não preciso usar absorvente ou protetor de calcinha, ele não desce aleatoriamente. Só vem quando faço xixi. E numa intensidade diferenciada: às vezes um pouco menos, outras um pouco mais. Nunca exageradamente. Mas o suficiente pra deixar o vaso rosado ou vermelho.

Enfim, na segunda, mais precisamente antes de ontem, retornei ao Dr. Genésio, conforme solicitação. A primeira coisa que eu disse é que ficaria imensamente feliz se ele dissesse: vamos fazer esse parto agora! Ahhahahahaha

Isso devido aos incômodos de fim de período. Óbvio que quando penso que ela está prestes nascer já sinto falta da barriga - dá vontade de abraçá-la de fora pra dentro e mantê-la aqui por tempo indeterminado.

Mas por outro lado, ficamos cansadas, absolutamente limitadas: a barriga pesa, dói as costas, a lombar, os pés. Os inchaços incomodam. Uma simples saída de carro já se torna inconveniente. Achar uma posição pra dormir é uma caça ao tesouro. Mas graças a Deus que esses últimos dias eu tenho conseguido, já que passei em torno de uma semana vendo anoitecer e clarear, com uma insônia terrível.

Os movimentos dela continuam intensos. Tem hora que parece que não vai parar, como agora. Fica de um lado pro outro, chuta minhas costelas, soca meu assoalho pélvico e desdobra minha barriga em ondas voluptuosas. Às vezes tenho a impressão de que consigo tocar os pezinhos dela. Fica aquele negócio bem protuberante, quando eu coloco os dedos consigo sentir aquele bolinho. É incrível!

Andar, até mesmo dentro de casa, é cansativo. A maior parte do tempo quero minha cama. Tenho travesseiros espalhadas por toda ela, pra onde eu virar tem onde me encostar.

Mas o que me faz dormir mesmo é colocar o edredom em cima de Mayco, é como se eu recheasse ele ou forrasse. Isso dá volume. Então deito sobre, do lado esquerdo, e o abraço. E assim, de lado, eu consigo dormir. Ainda bem que ele não se incomoda.

Sem contar que pra levantar eu preciso acorda-lo e dizer: me empurra!
Sozinha não dá. Ficamos sufocadas. Por isso que não deito na rede, porque pra levantar preciso de ajuda. E quem vai me ajudar a cada 5 min se preciso ir ao banheiro?

Mas voltando lá pra consulta de segunda, pra minha felicidade e tensão, um paradoxo profundo, Dr. Genésio disse: vou fazer a tua requisição de cesárea e você já vai autorizar. Perguntei: pra que dia? Ele disse: sexta, dia19/08. Esteja aqui às 06 da manhã.

Ooooh! Ainnnnn! Aaaah!

Não era o que eu queria? Pois comecei a tremer na base, me senti pequena, despreparada.

Mil coisas passaram na minha cabeça. Mas eu tentava a todo custo evitar as coisas negativas. Eu fixava meu pensamento nela. Quando vê-la pela primeira vez vou dizer: então era você que estava aqui? Rs

Parto marcado, autorizado. Malas prontas. Mamãe ansiosa, sonolenta, nervosa, feliz.

Na próxima postagem eu conto como foi, o que senti, quem estava lá. Na próxima postagem eu descrevo Maysinha.

E o blog continuará não mais com as narrativas de uma grávida, mas com as confidências de uma mamãe de primeira viagem.

Até a próxima!












Enviado do meu iPad

sexta-feira, 29 de julho de 2016

35 semanas - Ansiedade, Amor e Medo

Por aqui tá faltando disposição até pra escrever. Juro!

Tô mais pesada, sinto mais sono, mais falta de ar, mais fome e também estou numa sensibilidade exarcebada. Como se não fosse suficiente, os inchaços também começaram: pés, mãos e até mesmo o rosto.

Os primeiros a manifestar esse inchaço foram os pés: no começo eu percebia mais à noite ou se tivesse um dia agitado, que me fizesse andar muito. Agora não, eles estão naturalmente inchados. Durmo e acordo com eles assim. Às vezes dói, tipo na planta do pé. Não é uma dor que me faz chorar, mas que incomoda.

As mãos eu já percebi por conta dos anéis: acordei com os dedos marcados e tive muita dificuldade para tirar a aliança. Quando consegui, achei por bem não usar mais. Vai que eu não consigo mais tirar e fico de dedo roxo. Rs

As mãos inchadas me impedem de segurar as coisas com precisão. O movimento de abrir e fechar é mais lento. Mas nada que me incomode muito.

Quanto ao rosto, sei que está inchado pelas fotos. Não consigo mais gostar de nenhuma maquiagem porque acho que estou com a cara enorme e saio gorda nas fotos. Aff

Algumas pessoas também começaram a me dizer que estou "maior".

De fato, estou. Rá

Estive no médico ontem e marquei 67 na balança. Devo passar dos 70 até nascer. Ahahaha Isso me dá um aumento considerável de 14 kg. ( se realmente passar dos 70)

Mas tudo bem, a gente trabalha essa perda depois.

Não estou muito preocupada com isso porque sei que tenho grandes chances de emagrecer sem esforço, já que vou ter uma alimentação balanceada. E até mesmo porque na família não existe caso de " tendência para engordar". Todas que tiveram bebês voltaram aos seus corpinhos belos. Ahahah E até mesmo porque a própria amamentação acaba por eliminar parte desse excesso.

Para além disso, minha azia aumentou bastante! Sinto com muito mais frequência. E também tenho fome a cada 30 min. Ahahaha Mas procuro respeitar o intervalo de duas horas pra me alimentar.

Tenho procurado tomar mais água porque isso ajuda a diminuir o inchaço.

Gente, e é dor que não acaba mais! Dor nas costas. Muito. Demais.

Não tem hora pra ela não. Dói de dia dia, dói a noite. Mas incomoda mais na hora de dormir.

Outro dia eu tava super agoniada e mandei mensagem pro médico. Ele me prescreveu Paracetamol de 750 mg de 06 em 06h.

Eu tomei isso durante uns 4 dias direto. E aliviou. Porque passar não passa não.

Com 8 meses a barriga está pesada, o corpo pede descansar.

Tem horas que ando e sinto uma força me puxando pra frente. Já vou andando curvada mesmo ou de perna aberta. Como dizem minhas amigas, remando. ( perna aberta e braços imitando um remo) kkkkkkkkk

Dormir se tornou um missão para agentes especiais. Hahahah

Rolo de um lado pro outro, ajeito travesseiro, edredom, nada. Tem horas que quero chorar. Escuto música, tento relaxar. Levanto pra fazer xixi. Volto, sento, tento deitar.

Levantar da cama agora só com ajuda ou rolando. De outro jeito não dá não. Nós ficamos pesadas! Acreditem. Quem não passou por isso, ainda vai passar.

Quando eu sento tenho a impressão que estou "esmagando" Maysa. Eu sinto que ela se incomoda. É como se eu a comprimisse. Aí levanto. E dói as pernas, os pés e quero deitar. E começa a novela de achar um posição.

" Dorme na rede que ajuda". Ajuda nada. Eu fico com falta de ar.

Mas isso sou eu. Tem mamães que dormem de rede na reta final, mas pra mim não dá. Eu me sinto sufocada. Além do que pra levantar tenho que chamar alguém.

Tá pensando que é só flores carregar um barrigão?

Agora eu também choro por tudo. Tu-do!

Me emociono ouvindo música, vendo as roupinhas da neném, pensando nela, no dia do parto, no rostinho. E eu choro, choro mesmo de molhar o rosto.

Mas é um choro feliz. É um choro cheio de amor e ansiedade. Um choro de gratidão.

No mais, apenas insônia. Li que isso é bem normal no último trimestre, em virtude das alterações hormonais, que no início tem um efeito sedativo e por fim já tornam-se estimulante.

Demoro a pegar no sono e acordo na madrugada. Fico esperando clarear o dia pra descer e comer alguma coisa. E, quando isso acontece, dou graças a Deus por mais uma noite de "sono" sem intercorrências (já que a partir de agora as contrações podem vir a qualquer hora).

Segundo meu último ultrassom, a previsão de chegada da Maysa é dia 29 de agosto, o que nos leva a marcar a cirurgia entre os dias 22 e 23 de agosto. Mas isso só ficará definido na minha última consulta, prevista pro dia 16. Antes disso, ainda vou ao médico no dia 09, levar mais um exame de toxoplasmose é mais uma ultra (que eu optei por fazer, não há mais necessidade nessa fase, já sabemos que ela está na posição cefálica - de cabeça para baixo, no ponto de nascer).

Mas eu quero fazer mais uma. Quero ver se está tudo certinho e o que ela tem aprontado aqui dentro, enquanto nós aguardamos a sua chegada. (Falar nisso sempre me emociona).

Falando em chegada, o quarto ficou pronto! Mas o aperreio pra chegar nisso foi grande.

Falta mesmo só colocar o kit do berço (fronha, lençol) e levar a poltrona de amamentação que estão no meu quarto pra lá.

Por enquanto, o colchão está ensacado, por não pegar poeira, mas está tudo lavadinho. E a poltrona pode ser levada pro quarto dela até no dia que eu for pra maternidade, já que hoje ela ainda é bem útil no meu quarto (quando to sem sono corro pra lá e fico me embalando com um fone de ouvido).

Então, acho que é isso. Pretendo ainda fazer duas postagens antes do nascimento da Maysa, todas posteriores as minhas visitas ao médico.

Até lá, vou acumulando novidades.

Beijos e até a próxima!