domingo, 13 de março de 2016

Gravidez, Transtorno de Ansiedade e Síndrome do Pânico


Por volta dos meus vinte anos, tive o diagnóstico de "depressão".

Foi um período absolutamente difícil pra mim - larguei a faculdade, pedi as contas do emprego e terminei um namoro de dois anos e meio.

Nada fazia sentido porque eu não tinha vontade de nada. A única coisa que eu queria era ficar em casa, trancada no quarto e enrolada em uma coberta quentinha.

Eu sentia muito frio, mesmo num calor insuportável. Janelas e portas fechadas e eu continuava coberta dos pés a cabeça.

Tinha medo de alguma coisa que não sabia dizer. Eu não era triste, como algumas pessoas definem os estágios da depressão, eu simplesmente não relaxava. 

Minha mente, acelerada, processava as informações mais rápido do que elas podiam acontecer. Os pensamentos lá na frente, eu sempre vivendo no futuro. E era isso, descobri, que me assustava. 

Nosso futuro é incerto. E essa incerteza assombrava meu coração. A maioria das pessoas convive com isso numa boa, eu não. Sempre quero ter a certeza de que está tudo bem. Mas isso, só Deus tem.

Fiz tratamento psicológico e medicamentoso. 

Meu médico, a época, disse que "depressão não tem cura, mas você pode ter um caso isolado ou várias crises ao longo da vida. Umas mais espaçadas, outras a cada mês. Isso depende dos desdobramentos do que você vive e de como encara esses fatos."

Aquilo me tranquilizou. Podia ser a primeira e a única vez, podia nunca mais acontecer. 

Fato é que fiz o tratamento e consegui voltar a minha rotina - retornei para faculdade (e me formei) , comecei um novo namoro (que viera a durar por 06 anos) e passei por vários estágios dentro da minha area, até conseguir um emprego formal.

Passaram-se quase 10 anos pra que eu tivesse a primeira recaída.

Vale dizer que o tratamento durou dois anos. Após isso vivi tranquilamente, sem remédios e terapia.

Mas, há exatos dois anos atrás, comecei a sentir os mesmos sintomas. Eu sabia o que se aproximava e não queria aquilo de novo - eu tinha um bom emprego, uma casa própria, um namorado e eu não jogaria tudo pela janela outra vez.

Busquei ajuda imediatamente. Eu já sabia qual caminho seguir.

Voltei aos remédios e a terapia. Melhorei. 

Já tinha um ano de tratamento quando resolvi, por contra própria parar. 

As pessoas me diziam: "tão nova dependente de medicamentos."  
"Menina, para de tomar isso que o médico ta é ganhando em cima de ti, eles vivem de prescrever esses remédios".

Já sem sentir mais nada e acreditando no que essas pessoas diziam, deixei tudo de lado e fui viver sem dependência.

Passaram-se alguns meses até que eu tivesse outra crise, e, dessa vez, em maior grau: desenvolvi transtorno de ansiedade e síndrome do pânico.

Transtorno de ansiedade não é ficar ansioso por alguém que vai chegar e comer uma caixa de chocolate. Não é saber que seu time vai jogar amanhã e só pensar nisso. 

Transtorno de ansiedade é sentir dores no peito, taquicardia, ter a pressão mais baixa ou alta em segundos, tontura. O que te leva a síndrome do pânico porque você tem tanto medo de sentir tudo isso que já fica pensando em quando vai ser a próxima crise: será que vou está na rua? No bar? Sozinha? Será que vou ter que ir pro hospital? Vai ser rápida ou passar logo? Vai ter alguém pra me abraçar e dizer que vai ficar tudo bem?

Informei ao meu obstetra que desde que descobri que estava grávida havia parado o tratamento. Ele pediu que eu retornasse ao meu médico informando da gestação. E assim eu fiz.

Então que ele realmente suspendeu o medicamento anterior, mas prescreveu um outro, que posso tomar sem prejuízo ao bebê. 
Voltei ao obstetra com essa informação e perguntei se poderia dar continuidade ao tratamento, ao que ele respondeu: DEVE!

Não comprei os remédios. Mesmo com tudo autorização dos meus médicos tive medo de prejudicar o meu filho.

Mas hoje tenho consciência de que preciso do tratamento principalmente nesse período. Todos os hormônios alterados, as limitações, a carência que é dobrada. Enfim. 

Retornei também a terapia. E agora vou partir pros remédios.

Nunca sei dizer se todo esse mal estar que sinto é da depressão ou da gravidez.

O que sei é que ao me ajudar estarei também ajudando o meu filho. Ele precisa da minha calma, da minha serenidade. E, sozinha, confesso, não consigo.

Muita gente tem a sorte de não passar por isso. Muita gente compreende o que é isso. E muitas outras acham que isso é bobagem.

Diga pra uma pessoa com câncer que o tratamento é uma bobagem e aguarde uma resposta. É a mesma que eu tenho pra você.

Muitas mulheres desenvolvem depressão durante a gravidez, outras no pós parto. Eu já tenho esse histórico.

Durante uma gestação todo nosso corpo mundo. Nosso organismo funciona de modo diferente. E tudo isso aflora as nossas emoções. Tudo é sentido com mais profundidade.

Muitas mamães estão na mesma situação que eu. A boa notícia é que temos apoio: profissional, medicamentoso e familiar.

Não é simples. Não é fácil. Mas é preciso acreditar. É preciso ser maior que tudo isso.

Nessas horas, amigos e familiares fazem toda diferença.

No mais, é abstrair. Pensar positivo e seguir em frente.

Beijos e até a próxima

domingo, 6 de março de 2016

Os exames do primeiro trimestre

Durante toda gestação somos acompanhadas clinicamente, o chamado pré-natal.

Do momento da descoberta ao parto, passamos por uma série de consultas e exames. São dezenas de solicitações e filas de espera. Mas tudo vale à pena quando a gente descobre que o bebê está bem e que nós estamos de "parabéns".

Durante os primeiros três meses nos solicitam tudo que é tipo de exame, pra que possamos ter os cuidados necessários para o desenvolvimento do neném.

Exames de sangue (hepatite, sífilis, HIV, toxoplasmose, rubéola e etc) e a urocultura que pode mostrar infecção urinária e etc.

Precisei ficar em jejum oito horas para que pudesse realizar todos esses exames. Pior que isso (já que é bem complicado ficar em jejum todo esse tempo por conta do enjoo) foi ter que colher a primeira urina do dia no laboratório.

Logo eu que sempre tive um caso de amor com o xixi. Mesmo quando não estava grávida ia frequentemente ao banheiro. Minha mania de andar com uma garrafinha de água resulta nisso. Enfim, foi um aperreio grande, mas eu consegui.

Acho que são raríssimos os casos de mulheres que fazem todos esses exames e não ficam tensas com o resultado. Eu, que já sou nervosa e ansiosa por natureza, fiquei pelos cabelos.

O resultado da urocultura demora a sair, mas todos os outros saem com basicamente dois dias. Eu preferi aguardar pra pegar todos de uma vez.

Mas se eu contar o sufoco que foi pra ver o resultado desses exames vocês não acreditam - eu pirei!

Minha consulta estava marcada pra uma sexta-feira, pela manhã. Assim, fui buscar o resultado na quinta. Quando chego no laboratório eles pedem aquele cartãozinho, com ID. Jogado na minha bolsa imensa, não tive paciência de procurar e entreguei o RG.

Não sei se a atendente era novata, mas ela demorou séculos pra imprimir meus resultados. Eu já estava nervosa, achando que teria que repetir algum exame e que por essa razão estava demorando tanto. 

Quando ela ligou pra central foi o ápice. Pensei: Jesus, deu alguma %@#*!

Após uns 20 min, ela disse que meus exames sairiam sem o timbre porque o sistema estava travado. Se era só isso, tudo bem. Avisava antes. 

Saí de lá com aqueles papéis bem dobradinhos. Olhar pra quê, se eu não iria entender nada? Controlei a ansiedade e levei para o médico no dia seguinte.

Chegando lá sou informada de que meu obstetra precisou viajar com urgência e que, por essa razão, eu só seria atendida na segunda. Como assim eu ficaria com aquele resultado na bolsa mais um final de semana? NE-GA-TI-VO!

Solicitei que outro médico visse os exames, ao que me responderam que não teria problema, mas que eu teria que aguardar ele atender primeiro todas as pacientes dele. Como assim atender todas as pacientes se eu havia sido a PRIMEIRA a chegar? Nada disso, o atendimento é por ordem de chegada, independente do médico.

Comuniquei a recepcionista que estava ali desde às 06h, e que, portanto, era meu direito ser a primeira a ser atendida. Se ela quisesse passar como consulta tudo bem, eu queria apenas que ele visse meus exames.

Assim, fui muito bem recebida pelo Dr. Eduardo. Pedi desculpa por incomodá-lo, já que sou paciente do Dr, Genésio, ao que ele carinhosamente compreendeu.

Entreguei os exames numa tensão enorme, mas o semblante dele ao virar aquelas páginas me fez relaxar. Dr. Eduardo verificava cada uma e dizia: não tem e nunca teve hepatite, imune a rubéola, não tem sífilis, não tem e nunca teve toxoplasmose, sangue A+. E pronto, tudo perfeito.

- Dr., e o exame de HIV?, perguntei.

Ele me disse que não estava lá. Como assim não estava lá? Olhe de novo, eu pedi. Ele verificou e reafirmou: não está aqui.

Meu Deus! Porque o exame não estava lá? Havia sido por isso aquela demora: Meu exame tivera que ser refeito?

O médico disse pra eu me acalmar, que geralmente eles entregam esse resultado em um envelope a parte. Poderia ter esquecido. Disse pra eu retornar no laboratório e manter a calma.

Manter a calma, rá. 

Disparei pra aquele laboratório que a essa altura eu já xingava de meia tigela. Isso não se faz com ninguém, imagina com uma gestante!

Chegando lá eu reclamo que esqueceram de me entregar o exame de HIV. Eles pedem pra que eu aguarde e acontece a mesma coisa - demora, demora, demora. A atendente liga pra central e informa meu nome - DANDARA BALBY ARAUJO.

Eu já estava em pânico, meu coração aos pulos. Cristo, aquilo não estava acontecendo!

Meia hora depois, que pra mim mais pareciam dois dias, a recepcionista me entrega o resultado e diz: pode abrir, não foi nada com seu exame, é a central.

Respondi secamente, obrigada, E saí.

Eu não ia abrir nada porque não ia entender nada. E também não voltaria ao médico que já havia feito o favor de me atender. Mas eu também não iria esperar até segunda.

Liguei pro pai de uma amiga, que é obstetra: Tio, olha o resultado de um exame pra mim? Claro, tô em casa, pode vir. Ouvi e corri pra lá.

Tio Araquém foi o primeiro médico a conversar comigo quando soube que eu estava grávida. Hoje, ele não faz meu acompanhamento porque já não clinica mais. Mas o Dr. Genésio, que me atende, foi indicação dele. Nada como ter amigos, né? =)

Ele viu o exame e disse logo: NÃO TEM HIV!

Rá! Hora de jogar o pânico no lixo.

Ele aproveitou para rever todos os outros. E como Dr. Eduardo havia falado, estava tudo bem. Graças a Deus! Primeira bateria de exames ok.

Pude, enfim, relaxar. 

Na segunda, com mais tranquilidade, voltei ao meu médico de origem. Já era o 3 a ver todos aqueles exames. Mas só ele me prescreveria medicamentos, se necessário, e faria as outras solicitações.

Dessa vez não voltei com muitas requisições. Mas, como nunca tive toxoplasmose, agora não posso contrair de jeito nenhum. Por essa razão, terei que fazer esse exame todo mês. Assim, caso pegue, que Deus livre, descobrirei no início.

Fui proibida de comer carne vermelha, carpaccio e sushi. Evitar, momentaneamente, o contato com gatos. Sim, senhor. Eu farei tudo isso.

Voltei com a prescrição de algumas vacinas: hepatite, tétano e coqueluche e influenza.

Minha próxima ultra, realmente necessária, está prevista para o fim de abril, quando eu devo entrar para vigésima segunda semana. Mas eu disse que estava querendo fazer um chá revelação no começo de abril, de modo que ele me deixou uma requisição de ultra pro dia 22 de março, quando devo está na décima sexta semana.

Contudo, eu e Mayco decidimos aguardar o tempo exato para a próxima ultra e não precipitar as coisas. Faremos mesmo no final de abril e o chá revelação em maio. Até porque estamos de mudança e todo esse mês de março estaremos muito ocupados organizando a casa nova e etc.

Enfim, esse foi o resumo do sufoco dos exames desse primeiro trimestre.

Agora entrei para o segundo e vamos iniciar as atividades físicas e a escolha do enxoval, juntamente com os primeiros detalhes do chá.

Não esqueçam de relatar suas experiências nos comentários. Nem toda mãe é neurótica como eu. hahaha =)