quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Maternidade antes, Vaidade depois


 Eu sempre tive vontade de ter um filho - aquele instinto maternal bateu forte em mim durante anos e anos.

Eu sonhava com uma família, daquelas de comercial de margarina: pai, mãe, filh@ e cachorro.

Bem, eu quase consegui.

Esse quase à parte, o sonho de ter um bebê vem de uma menina que coloca a família em primeiro lugar.

Sempre fui dessas de deixar prevalecer aquilo que não é palpável: o afeto, o carinho, o amor. Eu sou feita assim, de momentos.

A mim não interessa dinheiro, as coisas que posso ou não comprar - o que eu quero mesmo é ter mãos dadas durante o dia e pés enroscados durante a noite.

É isso que dá sentido à vida. É isso que preenche a gente.

O que eu valorizo é o apoio, o caminhar juntos, a conversa jogada fora, o riso solto e aquele abraço no meio da madrugada.

Foi, é e sempre será assim, porém, cada vez mais leve e menos indolor, porque se a vida ensina, a gente aprende.

O que eu não sabia mesmo é que a maternidade era tão pesada.

Escolhi esse termo porque achei condizente. Não posso falar que é ruim, dolorosa, chata ou enfadonha, porque de fato ela é pesada, física e mentalmente.

Mas isso não é regra. Nem todas as mães vão ter o mesmo parecer. Mas acredito, piamente, que a grande maioria vai concordar comigo.

Presa naquele romantismo que as revistas e novelas pintam a maternidade, eu quis ter um filho. Era fofo, gostoso, agradável. E é tudo isso mesmo. Mas também é força, noites em claro, dias de pijama, cabelos sem lavar, unhas por fazer, depilação vencida e outras coisitas mais.

Me ver assim, tão desarrumada, me incomodou muito. E esse incômodo, durante algum tempo, era mascarado por uma raiva não sei de quê e uma irritação sem fim. Depois que eu fui entender que me chateava com o fato de não mais conseguir me arrumar.

As coisas mais simples da vida tornam-se grandes desafios quando nos tornamos mães. Por exemplo, pra eu escrever esse texto aqui a Maysa está na cama comigo, assistindo TV. Volta e meia ela baba e eu paro aqui pra passar o paninho ou ela sai rolando e eu dou outra paradinha pra arruma-lá na cama novamente.

São 12:39 e eu ainda não almocei. Se fizer isso agora esse texto só concluirei pela madrugada. Depois do almoço tem o banho, a soneca e lá se vai uma tarde inteira.

Enfim.

No primeiro mês ainda é possível se ajeitar um pouquinho mais, mesmo com um grau de dificuldade já presente. É que nesse período eles mamam, dormem, mamam, dormem. Da até pra você sorrir e dizer: mas não eu que vou andar a toa só porque tive um filho.

Mas aí nos meses seguintes você paga pela língua: o neném já passa mais tempo acordado, mama e não dorme, quer brincar, quer atenção, conversar. E você brinca, brinca, brinca e eles cansam. Querem mamar. E você fica horas ali com eles pendurados. E eles dormem. E você quer dormir também. Mas você não tomou banho. Então aproveita e vai lá. Durante o banho você ouve um choro. Opa! Ia lavar o cabelo, agora deixa pra amanhã. Mas amanhã eu ia depilar as pernas. Bom, talvez eu consiga fazer os dois.

Às vezes consegue. Consegue fazer até 3: lavar o cabelo, depilar e ver o facebook ( ou WhatsApp, ou ler uma matéria, tirar uma foto, fazer um lanche).

Mas em termos gerais você nunca irá está com tudo em dia! A menos que você tenha auxiliares, coisa não muito comum na realidade de muitas mamães.

Mesmo com a ajuda da minha mãe, da diarista e com o Mayco em casa, ainda assim eu fico apenas existindo, como diz a Thaynara OG. A gente quer fazer tanta coisa que acaba não fazendo nada.

É punk! É hard! Prova disso é que tô escrevendo aqui e ela já está chorando ali ( não faz nem 5 min que a coloquei na rede).

Atendi. Estou na rede, digitando com um dedo e usando a perna como apoio. O corretor ortográfico enche o saco, escreve o que não quero e eu tenho vontade de jogar tudo no chão e deixar pra depois. Mas vocês conhecem o depois, às vezes leva meses.

Até aqui eu já amamentei 3 vezes, dei banho e tentei que ela dormisse. Um texto que eu escreveria em 1 hora levo quase o dia todo. Ou a semana. Ou meses. E ainda tenho uma lavagem de cabelo prevista pra hoje. Kkkkkkk

Tem dias que quero me arrumar: secar o cabelo, colocar uma maquiagem, usar uma roupa que me valorize. Mas aí eu experimento um short e vejo que não dá porque as blusas que se usam com ele não servem pra amamentar. Aquele vestido legal tá de recesso até que os seios sejam de novo meus, porque só se eu enfiar Maysa por baixo do vestido pra ela mamar.


E eu desisto fácil. Acolho essa necessidade. Pego uma roupa leve, em que eu possa baixar a alça e satisfazer a minha filha com mais praticidade: primeiro a maternidade, depois a vaidade.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O Primeiro, O Segundo, O Terceiro e o Quarto Mês



Parece até que abandonei o blog, mas não, eu apenas me tornei MÃE.

Da condição de grávida, que passava o dia em casa escrevendo e cuidando do enxoval, passei a ter uma rotina altamente puxada, em que todo tempo que me sobra quero apenas descansar, sem precisar me concentrar em mais nada ( até porque a gente não consegue mesmo).

Tive saudade de escrever, postar e compartilhar todas as novidades que experimentei até aqui.

Até cheguei a começar alguns textos, mas a neném chorava, o sono batia e eu acabava deixando pra depois. Esse depois, sem que eu me desse conta, levou meses.

Mas agora parece que consegui me organizar um pouco e dar conta de um blog e uma bebê. Parece!

Então vamos lá, num resumo pra lá de prático desses 4 meses. Os outros tentarei escrever com mais detalhes e separadamente. Tentarei!

No post anterior contei da nova rotina, de quando o umbigo da Maysa caiu e até mesmo da minha recuperação.

Aqui vou falar das primeira idas a pediatra, das primeiras vacinas e das descobertas desses últimos dias.

Vamos lá...

Com um mês a gente já tem muita coisa pra dividir, muita mesmo. Todos os dias [a]notamos pequenos detalhes.

Com um mês nosso neném, antes minúsculo, já ganhou peso e cresceu. E aí começa a tomar aspecto de bebê e não mais de RN: os traços começam a ficar mais definidos porque o inchaço dos primeiros dias vai desaparecendo.

Com um mês eles já passam um tempinho acordados - se antes mamavam e dormiam, agora mamam e ficam de olhinhos arregalados. Observam tudo, como se entendessem alguma coisa.

Mas logo bate o cansaço
e vem aquela soneca.

Nesse período, nós, mamães, somos muito requisitadas - peito praticamente a cada duas horas, varando pela madrugada. Como o estômago deles é pequenino, assim que fazem cocô ficam logo de barriga vazia, e aja peito. E braço. Kkkkkkk

Senti muita dor de cabeça no primeiro mês, resultante ainda da anestesia. Mas graças a Deus foi melhorando.

Nos primeiros dois meses eu tomava Tylenol praticamente todos os dias, de tanta dor pelo corpo: braços, costas, ombros. Um bebezinho, por mais leve que seja, nos cansa, porque ficamos com eles nos braços por horas e horas, seja amamentando, colocando pra arrotar ou dando banho.

Os primeiros dois meses foram MUITO cansativos. Além de está me familiarizando com esse novo mundo, eu me sentia mentalmente esgotada.

Foi difícil me deixar em segundo plano. Eu sempre fui bem vaidosa. Sem excesso, tá? Quis dizer no sentido de gostar de andar arrumadinha, unhas feitas, maquiagem básica, cabelo lavado a cada dois dias. E depois que a Maysa nasceu qualquer dessas coisas é puro LUXO.

No primeiro mês eu até conseguia me ajeitar mais, já que eles dormem por mais tempo. Mas aí quanto mais o tempo passa, mais ativo eles ficam. As sonecas são cada vez menores e cada vez mais eles solicitam nossa atenção, em especial agora, que já interagem bastante.

Eu achava que as pessoas exageravam quando diziam não ter tempo pra mais nada.

Pasmem, é verdade!

O tempo que temos não queremos dedicar a essas coisas, porque estamos tão cansadas que nos contentamos em olhar o facebook e dar uma conversada no WhatsApp. E rápido, porque em poucas horas o bebê vai te solicitar.

Ir a pediatra me ensinou uma série de coisas, tipo: deixar as coisinhas da Maysa prontas um dia antes. Isso mesmo. Se sei que vamos sair um dia antes eu já deixo tudo na malinha: fraldas, cueiro, lenço umedecido, pomada, remédios. Eu separo, inclusive, a roupinha que ela vai usar no dia seguinte. Tudo tem que ser bastante programado com crianças.

Pra eu me arrumar como quero preciso começar a me organizar cedo. Separo minha roupa também, lavo o cabelo um dia antes e no dia da saída, dou o banho dela, deixo-a de fralda, vou me arrumar e volto pra arruma-la. Mas olha, não é tão simples não. Nesse espacinho de tempo ela já quis mamar, eu já coloquei pra arrotar, tive que trocar a blusa porque sujou de golfada. Enfim, você que já é mãe sabe. E você que não é ainda vai saber.

Já disse pro Mayco que não existe mais o " vamos ali rapidinho". Rapidinho é uma ova! Pra ir ali rapidinho tem que ter no mínimo uma malinha pronta.

E se tem uma coisa que eu aprendi foi a me tornar solidária com outras mães. Se eu vejo uma em apuros ofereço ajuda. Já entendi a luta que é sair de casa com bebês, o quanto isso nos deixa esgotadas e o quanto as pessoas gostam de se meter aonde não são chamadas. Aff

Construir uma rotina com a Maysa foi uma coisa muito natural. Nós passamos um mês na casa da minha sogra ( teve uma queimada aqui perto e minha casa ficou cheia de fumaça, isso pra um bebê é terrível). Esse período lá foi de muito aprendizado, já que ela tem muita prática com criança. Eu observava tudo, o banho, a agilidade pra medicar e todos os outros detalhes. Ela me ajudou muito, muito mesmo!

Tive até medo de voltar pra casa, porque me senti insegura - um medo enorme de não dar conta.

Mas esse medo foi passando a medida que acostumávamos a nossa casa. Aqui a Maysa tem o espaço dela, eu tenho o meu e nós construímos uma rotina. Não foi necessário induzir ou forçar nada.

Nos primeiros dias, de volta à nossa casa, eu tremia na base - e se ela chorasse e eu não conseguisse acalmar? E se eu não entendesse o que ela queria? E se ela engasgasse a noite sem que eu visse? Como eu daria banho sozinha?

Mas a Maysa teve calma comigo. Ela foi e tem sido super boazinha. É uma bebê tranquila. Não é manhosa. Chora se estiver com a fralda cheia, com fome e com frio ou calor. No mais, ela é só risos.

Ela dorme cedo, entre às 21:30 22h já está coçando os olhos pra dormir. E ela dorme sozinha. Juro!

Ela mama e às vezes cochila no peito. E aí eu a deixo na nossa cama até entra num estágio mais profundo do sono. E aí a coloco no berço. Esse estágio mais profundo chega em torno de 20 min.

Quando ela não cochila no peito eu a deito acordada mesmo na nossa cama, coloco um paninho na mão dela, a famosa naninha, e pronto, ela adormece sozinha.

Minha filha é uma dádiva! ❤️

E isso é dela mesmo. Não forcei nada.

E que aqui sempre foi assim. O Mayco chega tarde do trabalho. Quando ele chega vou preparar algo pra ele comer. E aí a gente sobe, toma banho e se troca pra dormir. Sempre a mesma coisa. Ela aprendeu a nossa rotina. Sabe que quando ligamos o ar e desligamos a luz tá na hora do soninho.

Quando retornamos pra casa trouxe o berço dela pro meu quarto. Aquele mimimi de " ahh, criança tem que dormir é no próprio quarto" não rolou. Moro numa casa grande, e pra nossa segurança foi melhor assim. Quando ela tiver mais idade ela volta pro quartinho dela.

Quem não curtiu muito foi meu marido, que disse que eu gastei um dinheirão no quarto pra ela n dormir lá. Mas e daí? Lá é o cantinho dela. Ali que ela vai brincar, guardar brinquedos, ficar com as amiguinhas e etc.

Não dei a mínima pra isso! Haha E hoje ele faz é reclamar quando ela não deita na cama com a gente.

Mas como eu disse, os dois primeiros meses são bem mais delicados. A Maysa teve cólicas. Era um chorinho tão sofrido que eu queria chorar junto. Não foram muitos episódios, mas o suficiente pra partir meu coração.

E olha que eu tenho uma alimentação bem equilibrada. A médica disse que é normal cólicas, soluços e espirros nos primeiros três meses, então relaxei. ( de verdade, hoje já vejo ela soluçar e não corro logo pra dar o peito, às vezes o soluço vai embora por conta própria).

O que eu não suporto mesmo são as vacinas! Ah gente, não acostumo não.

As duas primeiras, BCG e Hepatite B, fiz na rede particular, eu agendei e veio uma enfermeira em casa. Nossa! Quanta dor!

Coloquei a Maysa no peito sem ninguém ter me ensinado, eu simplesmente deduzi que aquilo a acalmaria ( depois li que isso é super recomendado, o leite tem uma espécie de anestésico e estimulam vc a dar na hora da vacina ou 5 minutinhos antes).

Ela não teve reação a nenhuma dessas vacinas. Foi só a dor ali na hora. Não teve nada além disso. Mas só isso já deixa a gente mal pra caramba. Ver nossos filhos reclamado de dor é a pior coisa que tem. Mas tudo bem, é pro bem deles.

Já nas vacinas do segundo mês ela apresentou febre e ficou muito molinha, chegou a bater 38,3. E eu dava Tylenol de 6 em 6. Eu fiquei desesperada! Foram 3 dias de muita agonia aqui em casa! Ela choramingava o tempo todo. Eu não via a hora de ter minha filha sorrindo de novo. ( ela é muito risonha mas durante esses três dias não estampou nenhum risinho pra gente).

Odeio essas vacinas! Odeio ver minha filha molinha! Mas eu sei que é um mal que vem pro bem. Então me esforço pra relaxar e aceitar.

A vacina do 3 mês está atrasada porque eu gripei e por tabela ela acabou resfriando também, ainda que eu tenha tomado todo cuidado: usei máscara, álcool nas mãos, remédios recomendados pela pediatra, nebulização.

Mas como ela só mama era bem difícil não pegar. Estamos em tratamento, as duas.

Falando em mamar, ela se alimenta bem. Muito bem. Nos primeiros dois meses ela cresceu 10 cm, 5 em cada mês, nesse último mês cresceu 2. Agora é normal crescer mais devagar. O crescimento mais rápido se dá nos primeiros 3 meses.

Minha filha já tem uma fisionomia bem clara. Ela já é uma bebezinha e não mais RN. E parece com o papai, pra minha indignação. Kkkkkkkkk

Os cílios apareceram no segundo mês. As sobrancelhas também. Entre o 3 e o 4 mês notei a chegada das lágrimas. O choro também muda. E a gente já identifica as necessidades deles de acordo com o choro.

Ela agora aprendeu a gritar. Grita de cansaço e de fome. E também quando está feliz.

Conversa demais. Muito mesmo. Se ficamos falando com ela é como se ela tentasse responder, a maneira dela mesmo.

Quando o pai chega em casa ela se desdobra em risos e começa a balbuciar. Parece que tá expressando saudade e alegria em vê-lo.

Tenho uma troca de olhares forte com a minha filha. Costumo dizer o quanto a amo quando ela está mamando ou brincando comigo. Ela sorri de volta com a boca e os olhos. Pra mim é como se dissesse: eu também, mamãe. E eu choro, emocionada.

Maysa adora tomar banho. Não dá  o menor trabalho. E eu já faço isso sozinha. Me viro mesmo. Antes eu pedia ajuda pra passar shampoo ou colocar a toalha. Agora dou conta - corto as unhas, limpo o ouvido, dou remédio.

A gente descobre que é capaz e que essa capacidade satisfaz os nossos filhos. Eles não querem nada além do nosso cuidado, amor e atenção. E
isso, nós mamães, temos de sobra.

Volto depois com textos mais ricos em detalhes do nosso dia a dia. Este aqui, resumo dos 4 meses, já está extenso o bastante.

Beijos e até a próxima.