terça-feira, 13 de setembro de 2016

Primeiros dias em casa, uma nova rotina

Que me perdoem as super poderosas, fantásticas e perfeitas, mas o lado B de ser MÃE também deve ser contado.

Deve ser contado porque existe, porque é real, porque é palpável e temos que saber lidar com ele. 

Deve ser contado pra que outras mães saibam que não estão sozinhas, que não são loucas nem tampouco lhes falta amor.

Deve ser contado pra que saibam que estão cansadas, que precisam de colo, carinho e compreensão. E que isso tudo faz parte desse ciclo. 

Deve ser contado porque é normal ter medo, dúvida, insegurança.

Deve ser contado porque em algum momento, em algum lugar, tem outra mulher passando o mesmo que nós.

A experiência que tenho ainda é pouca - agora que minha filha vai fazer um mês. Mas nesse meio tempo, garanto, já aprendi muita coisa.

Muita coisa que as pessoas não contam quando decidimos ser mães. Muitos detalhes que são esquecidos ( ou que não querem ser lembrados ). Muitas coisas que são superadas e que, talvez por essa razão, também não sejam expostas.

Dizer que compensa e que tudo vale à pena não é mero clichê, mas também não é só isso. Ser MÃE não é um jogo de compensação, mas uma descoberta diária, um amor indescritível e um eterno aprendizado.

Hoje, aprendemos a trocar fraldas, dar banho, colocar pra arrotar. Amanhã aprenderemos como fazê-los dormir sozinhos, não ter medo do escuro. Depois ensinaremos a falar, andar, pedir. E aí os educaremos, orientaremos, formadores que passamos a ser. É um círculo, um movimento contínuo.

Meus primeiros dias em casa tem sido totalmente diferente do que imaginei. Eu nem mesmo considerei a possibilidade de ser assim tão forte, tão real.

A verdade é que durante toda gestação me preparava pro parto, que eu tanto temia. O pós parto, eu supunha, seria mais leve, eu teria ajuda.

E realmente tenho: minha mãe e minha sogra praticamente se mudaram pra minha casa. Eu brinco que uma é enfermeira do dia e outra da noite. Porque é quase isso mesmo. Elas revezem - uma passa o dia e a outra dorme.

Mas antes de falar dessa parte, que envolve a minha nova rotina, quero contar da minha recuperação. 

Quando estava grávida eu lia muito a respeito dos partos, do puerpério: eu queria ter uma noção do que me aguardava. E agora chegou a minha vez de compartilhar com outras mamães minha experiência.

Então, concluí o último post contando sobre a chegada de Maysa para primeira mamada. E é aí que começa toda jornada.

Nos primeiros  QUATRO (bem grande mesmo que é pra não passar despercebido) dias    eu tinha apenas colostro. Aquele negocinho que vem antes do leite. Enfim. Eu espremia, espremia o peito e só apareciam umas gotinhas no bico. Aquilo não podia alimentar minha filha, pensei.

Mas as enfermeiras diziam que era normal, que com o passar dos dias o leite desceria. Em algumas mães os seios crescem durante a gestação e durante a própria gravidez já sai o colostro. Comigo não. Meus seios ficaram do mesmo tamanho, eles apenas tiveram uma sensibilidade mais exarcebada. Não me preocupei. Pelo tamanho natural deles, eu imaginava ter leite. E tenho, graças a Deus.

Mas, antes de saber que teria mesmo, sofri. Foram quatro dias ouvindo gente dizer pra eu dar NAM porque não teria leite. Quatro dias ouvindo que minha filha estava ficando com fome. Quatro dias que me deixaram a mulher mais duvidosa do mundo: eu estava permitindo que minha filha sentisse fome só porque não queria que ela tomasse outra coisa além do leite materno? Eu estava sendo egoísta?

Manteve minha decisão, mas não sem muito custo. Esses quatro dias foram delicados.
E, como em um passe de mágica, o leite realmente chegou. Bendito seja!

Maysa nasceu no dia 19 de agosto e no dia 20 já estávamos em casa. Rápido. Eu queria ter passado mais tempo na maternidade. Quando o médico deu alta pensei: como vou me virar sem todo esse suporte aqui? Aqui eu chamo e a enfermeira vem. Eu to protegida, minha filha está segura.

Mas não teve jeito, Dr. Genésio disse que estávamos prontas pra voltar pra casa e de manha mesmo me entregou a alta.

Logo ele chegou lá por volta das 08:30 e eu já estava de banho tomado, maquiada e tudo. Quando a enfermeira entrou pra me ajudar a banhar eu já estava era passando blush. Ela disse: gostei de ver, mãe ( essa palavra começou a fazer parte do meu dia a dia)! E eu, claro, fiquei toda feliz. Estava bem.

Voltamos pra casa: eu, Maysa, minha mãe e Mayco. 

Quando adentramos a nossa rua e paramos na frente de casa fiquei imaginando: é a primeira vez que minha filha vai entrar no seu lar, vai conhecer seu quartinho. Essa é a sua casa, Maysa. Seja bem vinda.

Era uma nova vida. Um novo ciclo. Eu formara uma família.

Subi a escada uma vez e por aqui fiquei. Não queria romper os pontos ou ter sangramento. Eu queria me recuperar rápido.

Não desci as escadas durante uma semana. Virei uma princesa na torre. Era café, lanche e comida subindo e descendo pra mim. Obrigada, mamãe! Obrigada, minha sogra!

Mesmo assim, a cirurgia incomoda, em especial no movimento deitar e levantar da cama. Os primeiros dias são terríveis. A gente tem a impressão de que tudo vai abrir. Tossir e espirrar era uma missão quase impossível.

Mayco me ajudou uns três dias nesse deita e levanta. Depois eu comecei a me virar, mesmo com dor. A gente acaba encontrando um jeitinho.

Sangrei durante 15 dias. Tem mulheres que passam mais tempo e outras menos. Meu fluxo não foi intenso. Nem era necessário absorvente cirúrgico, mas como eu havia comprado, usei esses mesmo. Quando acabou, usei os tradicionais. Hoje já não preciso: o sangue parou totalmente.

Perdi 09 kg na primeira semana e devo ter perdido o restante em seguida, já que minhas roupas voltaram a me servir normalmente.

Usei a cinta por três dias e desisti: absorvente pros seios, cinta, absorvente pra baixo. Naaaaaao! Muita coisa pra mim.

To com o mesmo corpo de antes da gravidez. Se emagrecer mais agora é lucro. Vou usar a cinta pra sair, já que gastei dinheiro. Hahahaha

Mas olha, amamentar pode doer. E no meu caso doeu, ainda dói. Mas no começo foi pior. Pior porque além de doer o peito eu sentia cólica. Cólica mesmo daquelas menstruais. Então você imagina um neném sugando teu mamilo com toda força que ele tem ( acredite, eles têm) e você se contorcendo de cólica e sentindo o sangue descer? Eu mordia meus lábios e pedia pra Deus me dar força. Mas a vontade que tinha era de sair correndo. 

A gente se sente mal. Um mal estar. Talvez como quando estamos de TPM. Ficamos sensíveis. Doloridas. Cansadas. Usamos aquelas calcinhas lá no alto (pra proteger a cirurgia). Sangramos. Não dormimos direito. Dói os braços. Dói as costas. Dói até o nosso juízo! 

Mas é NORMAL. Faz parte do processo.

O umbigo da Maysa caiu com 5 dias. E com 10 dias eu tirei os pontos. Dois, diga-se de passagem, o restante é colado. 

Com 10 dias eu já estava bem melhor. Já descia pra me alimentar. Já podia tossir e espirrar sem medo. O sangue já quase não aparecia. Minhas roupas me serviam. E meu leite estava ok.

Oba, estávamos entrando na nossa rotina.

Comecei a  ter enxaqueca. Daquelas que não passam com remédio. Soube que era da anestesia: se quando está deitada não dói e quando levanta dói, possivelmente é efeito dessa abençoada.

Minha alimentação é equilibrada. Evito mesmo tudo que pode causar cólica. Mesmo assim ela teve no 3 dia. Foi bem ruim essa experiência. Mas o nome do remédio é Flagas, a nossa simeticona, sendo infantil. Isso que a ajudou. E me ajudou também, porque corta nosso coração ver nossos filhos sofrendo.

Falando em sofrer, tudo é uma dor: não gosto de vê-la com soluço, nao gosto de vê-la espirrando. Fico agoniada quando ela demora arrotar e quando abre o berreiro na hora do banho ou da troca de fralda. Quero correr com tudo pra que ela não chore. Não porque não quero que ela chore por nada, mas porque tenho medo que ela se engasgue, beba fôlego, essas coisas.

Tudo, tudo dá um enorme medo na gente! Eles são tão frágeis, vulneráveis, indefesos. E é dai, tenho certeza, que nos tornamos verdadeiras leoas pra cuidar dos nossos filhotes. É a nossa cria, devemos protegê-los.

Hoje, faltando uma semana pra que Maysa complete um mês, posso dizer que estou bem recuperada da cirurgia. Subo e desço escada. Faço meus lanches. Deito e levanto da cama normalmente. Já durmo de bruços (estava com saudade disso). Não uso mais absorvente. Não to mais inchada. Minhas roupas me servem. O cuidado agora é com a alimentação. A cirurgia ainda cubro com gaze, a pedido do médico. Isso pra que não fique roçando não roupa e infeccione. Ele pediu pra manter assim por um mês. 

O detalhe é que o local da cirurgia parece anestesiado o tempo todo. Ele disse que vai ficar assim um bom tempo. Ok. Isso é de menos.

Demais mesmo é a nova rotina. Ahahah Aquela coisa de ficar sem tempo pra um banho demorado, comer comida gelada, não fazer as unhas...é tudo VERDADE! Hahahah Mas não devemos levar assim ao pé da letra.

Acontece assim: a neném está dormindo, vou tomar um banho e lavar o cabelo. Você solta o cabelo no chuveiro e ela chora. Pode carregá-la quem for, ela quer peito. Quem tem é você. Deixe o cabelo pra depois.

" Dandara, vai almoçar enquanto ela tá dormindo." Sento com a comida e " nheeem nheeem" alguém quer mamar. Como com ela no colo ou a coloco pra mamar e almoço depois.

Já sei mais ou menos os horários que ela dorme. Oba, vou marcar pra manicure vir. Começo a fazer as unhas com sucesso, ela tá dormindo. De repente, coco. Na troca de fralda já era. Precisa de peito pra acalmar. Borra uma unha. Pinta de novo. A gente consegue.

" Cochila enquanto ela dorme ". To sem sono. Vou olhar o face, o Instagram e responder WhatsApp. Quando dá sono quem acordou, quem, quem, quem?

" Ela mamando às 23h tu só vai amamentar de novo lá pras 03h. 00:00 quem entra no quarto, quem, quem, quem?

É assim. Mas é claro que conseguimos lavar o cabelo, comer, fazer as unhas e dormir, ainda que não durante mais que 4 horas consecutivas ( quando isso acontece tenho a impressão de que dormi um dia inteiro).

Fala-se nessas dificuldades porque elas realmente acontecem. Não são regras. Mas eventualmente acontecerão. São inevitáveis. 

Maysa não gosta de ficar suja. Se está com a fralda cheia ela chora. Chora de fome também. E chora no banho, quando está de frente, porque de costas ela fica que é uma beleza. E nesses últimos três dias tem chorado só pra ficar no braço. Não me importo de dar colo. Dou. Mas amam-se tra já cansa as articulações, colocar pra arrotar termina de doer. Ainda manter no colo? Só com ajuda. É muito braço.

Sinto dores nos braços, nas costas. Dói mesmo. Tomo paracetamol.

Às vezes tudo que quero é ficar deitada, descansar, ter uma massagem. Fico aliviada quando minha mãe e minha sogra a pegam. Elas me ajudam muito. Elas me mantém de pé. 

Mas tem horas que só a gente resolve: é o cheiro da mãe, o colo da mãe. E damos. Nós damos. Damos o nosso melhor. Nós doamos por inteiro.

Quem vê de fora pensa quem é fácil: tá com um bebê que come e dorme em casa, tem temp pra descansar. Passa o dia em casa sem fazer nada. Rum! Convido a experimentarem esse nada. Só sabe quem passa. É assim.

Por isso dizem que só damos valor às nossas mães quando nos tornamos mães. Não que eu não valorizasse a minha, mas agora eu realmente compreendo todos os porquês.

Se você está grávida pegue 10 minutos de sol nos seios diariamente, isso vai ajudar pra que seus seios não rachem. Use a pomada que lhe indicarem. Peça pra que alguém fique com você durante a sua quarentena, você vai agradecer por isso.

Os pais, por mais que ajudem, nunca estão 24h conosco. Alguns acham que fazem demais, outros nem consideram fazer o de menos.

Eu não me tornei chata, intolerante nem exigente, mas eu tenho pedido tempo, espaço, tranquilidade pra me entender com essa nova rotina.

Não tenho vergonha de dizer quando não quero visita. Às vezes eu não quero mesmo. E não acho que seja falta de educação informar que hoje você não está num bom dia, por exemplo.

As vezes passamos a noite em claro, o neném chorou o tempo todo. E tudo que queremos é uma horinha de sossego. Isso é natural. Acho que quem não compreende isso não tem bom senso. 

Às vezes estamos cheia de dor, não há posição confortável pra conversar, queremos nossa cama, apenas. É normal.

Deve-se entender que tudo isso é passageiro. Com o tempo todos estarão adaptados e tudo começará a funcionar sem muito esforço. 

Bom, tenho mais mil coisas pra dividir, mas o texto já está bem extenso, de modo que o restante fica pra depois.

Beijos e até a próxima! 


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

O Grande Dia

O Grande Dia

Eu tenho que escrever sobre isso que é pra reafirmar a ideia de ter Maysa como filha única.

E digo isso não por negligência a maternidade, mas pela consciência de que uma gestação numa pessoa com ansiedade e depressão torna-se um processo muito sofrido e doloroso, a incluir o parto.

Pelos posts anteriores vcs devem ter percebido o quanto os últimos 9 meses foram difíceis pra mim: abri mão dos remédios, não me dei com o alternativo e me esforcei, dia após dia, pra que tudo corresse da melhor forma possível, sem impacto algum para minha filha.

Não foi fácil. Não é fácil. Controlar a mente, na verdade, é uma das coisas mais paradoxais que já vi: num dia quase que impossível, no outro já mais leve, ainda que por algumas horas.

No meu caso o que corrói é o medo, medo de TUDO. A tensão gerada por todo esse medo me deixa muito, muito mal. E, por mais que eu saiba que é tudo fruto da minha imaginacao, nao é facil erradica-los, em especial pq eles acabam sendo somatizados. 

E tudo isso misturado as próprias alterações geradas pela gravidez nos deixa absolutamente estafadas.

Contudo, conversando com algumas amigas que são mamães também, descobri que nada disso é um bicho de 7 cabeças. Tudo que vivi não passa de uma série de transformações pelas quais todas as mulheres que disseram SIM a maternidade também passam. Eu apenas tensiono mais com todas essas alterações, dificultando todo o ciclo.

Enfim, assumo com toda minha verdade que esses agravos são de minha inteira responsabilidade.

Isso à parte, quero compartilhar como foi meu encontro com Maysa.

Esse era o momento mais temido durante toda gestação - eu tinha medo de dar alguma coisa errado, de ser insufuciente ou ter uma crise de pânico na hora. Eu imaginava o efeito da anestesia, a descoberta de uma reação qualquer a um medicamento utilizado na hora. Eu pensava, inclusive, que podiam me abrir e encontrar alguma coisa além da minha filha lá dentro, como um mioma por exemplo.

Tudo passa na nossa cabeça, inclusive o medo de morrer!

Durante esses 9 meses eu preparei minha mente pra isso. Todo tempo pensando no lado bom. Mas a verdade é que nunca consegui inibir a outra parte - aquele temor estava sempre ali me assombrando, tirando a minha paz.

Mas, por incrível que pareça, na última semana consegui dormir, coisa que há um tempo não fazia mais com tanto vigor. 

Um dia antes da cirurgia pensei que iria passar a noite em claro. Mas eu novamente eu dormi.

Acordei no horário e me ajeitei. Coloquei um vestido legal, passei uma maquiagem básica e arrumei o cabelo. Eu estava pronta para receber Maysa.

A minha tranquilidade era advinda da minha família: todos de camisa " Bem Vinda, Maysa".

Na maternidade todo mundo comentou que nunca haviam visto uma espera tão grande. A pediatra disse: Maysa é uma criança muito amada!

Quando fui chamada pro Centro Cirúrgico não consegui conter as lágrimas - eu sairia dali com minha filha na barriga e voltaria com ela nos braços. 

Meu marido, que renunciara a participação no parto, 15 dias antes mudou de ideia e realmente entrou comigo. Pensei que na hora H ele fosse voltar atrás. Mas ele me surpreendeu. Rs

Entrei sozinha pro preparo e ele ficou aguardando. Imaginei que ele fosse junto na mesma hora.

Eu nunca havia me deparado com um centro cirúrgico. Que coisa horrível, pensei.

Uma maca no centro da sala, aparelhos de pressão e pra conferir os batimentos cardíacos. Vários "botijões" de oxigênio e muitos profissionais transitando de um lado pro outro. Para além de muitos remédios.

Trocaram minha roupa pela segunda vez e me puseram deitada. Aquelas pessoas de máscara e touca passavam por mim sem nada dizer. Eu via seus olhos e ficava aterrorizada, procurando meu médico em cada um deles.

Permaneci deitada durante uma hora ( havia um relógio na parede em que eu não tirava a vista ). Quanto mais o tempo passava mais eu me agoniava.

Até que a pediatra se apresentou pra mim e disse que acompanharia o parto, era a profissional responsável pela Maysa.

Me mandaram deitar de lado pra respirar melhor, eu e a neném. Deitei.

E ai chegou o anestesista sorrindo e dizendo: cesárea é uma cirurgia que todo mundo gosta de fazer.

Respondi: não eu! Kkkkkkk

Me puseram sentada. Eu já sabia que viria a famosa anestesia.

Reclamei, não da dor, mas do incômodo: ai ai ai! Foi rápido. Me colocaram deitada.

Eu disse que minhas pernas estavam queimando e ouvi responderem: ótimo, sinal que a anestesia está fazendo efeito.

Que coisa louca! Eu tentava movimentar meu corpo do peito pra baixo e nada. Eu estava paralisada! 

Tentava me mexer como se estivesse dançando, mas nada. Estava tudo inerte.

Vi entrar um dos cirurgiões e disse que estava nervosa. Perguntei por Dr. Genésio e de imediato ele se mostrou pra mim. Sorri agradecida.

Colocaram a cortina, aquela famosinha que a gente vê nas fotos.

Vai começar, tremi na base. Deus me abençoe.

Rezei, rezei, rezei. Rezei Pai Nosso, Ave Maria. Eu me concentrei em pedir a Deus um bom parto.

Senti falta de ar, disseram que minha respiração estava normal: era só nervosismo.

Meu nariz entupiu, os dois lados. Informei que não conseguia respirar. Colocaram oxigênio.

Ouvi: chama o marido, manda o marido entrar!

Vi Mayco todo de verde, ali do meu lado. Ele perguntou se eu estava bem e eu disse que não.

Olhei pro lado e vi o anestesista colocando um remédio injetável, ele explicou que era um sedativo pq eu estava muito tensa.

Eu queria que acabasse logo. Eu estava nervosa.

Mayco disse: ela nasceu, Maysa saiu.

Eu não me contive. Comecei a chorar.

A trouxeram do meu lado. Foi tão rápido. 

Fechei os olhos e agradeci a Deus pela minha filha. Faltava " me fecharem".

Dai em diante não recordo mais nada. Lembro apenas de me passarem pra outra maca e me colocarem no corredor.

Todos falavam dos meus olhos e perguntavam se a nene tinha nascido com eles assim, azuis.

Não lembro de como foi quando cheguei ao quarto. Eu estava sonolenta.

Lembro de mais uma vez me passarem da maca pra cama.

E lá estava Maysa, toda de rosa, a espera da primeira mamada.

Foi um dia tenso, mas Deus colocou suas mãos sobre nós e deu tudo certo.