Eu tenho que escrever sobre isso que é pra reafirmar a ideia de ter Maysa como filha única.
E digo isso não por negligência a maternidade, mas pela consciência de que uma gestação numa pessoa com ansiedade e depressão torna-se um processo muito sofrido e doloroso, a incluir o parto.
Pelos posts anteriores vcs devem ter percebido o quanto os últimos 9 meses foram difíceis pra mim: abri mão dos remédios, não me dei com o alternativo e me esforcei, dia após dia, pra que tudo corresse da melhor forma possível, sem impacto algum para minha filha.
Não foi fácil. Não é fácil. Controlar a mente, na verdade, é uma das coisas mais paradoxais que já vi: num dia quase que impossível, no outro já mais leve, ainda que por algumas horas.
No meu caso o que corrói é o medo, medo de TUDO. A tensão gerada por todo esse medo me deixa muito, muito mal. E, por mais que eu saiba que é tudo fruto da minha imaginacao, nao é facil erradica-los, em especial pq eles acabam sendo somatizados.
E tudo isso misturado as próprias alterações geradas pela gravidez nos deixa absolutamente estafadas.
Contudo, conversando com algumas amigas que são mamães também, descobri que nada disso é um bicho de 7 cabeças. Tudo que vivi não passa de uma série de transformações pelas quais todas as mulheres que disseram SIM a maternidade também passam. Eu apenas tensiono mais com todas essas alterações, dificultando todo o ciclo.
Enfim, assumo com toda minha verdade que esses agravos são de minha inteira responsabilidade.
Isso à parte, quero compartilhar como foi meu encontro com Maysa.
Esse era o momento mais temido durante toda gestação - eu tinha medo de dar alguma coisa errado, de ser insufuciente ou ter uma crise de pânico na hora. Eu imaginava o efeito da anestesia, a descoberta de uma reação qualquer a um medicamento utilizado na hora. Eu pensava, inclusive, que podiam me abrir e encontrar alguma coisa além da minha filha lá dentro, como um mioma por exemplo.
Tudo passa na nossa cabeça, inclusive o medo de morrer!
Durante esses 9 meses eu preparei minha mente pra isso. Todo tempo pensando no lado bom. Mas a verdade é que nunca consegui inibir a outra parte - aquele temor estava sempre ali me assombrando, tirando a minha paz.
Mas, por incrível que pareça, na última semana consegui dormir, coisa que há um tempo não fazia mais com tanto vigor.
Um dia antes da cirurgia pensei que iria passar a noite em claro. Mas eu novamente eu dormi.
Acordei no horário e me ajeitei. Coloquei um vestido legal, passei uma maquiagem básica e arrumei o cabelo. Eu estava pronta para receber Maysa.
A minha tranquilidade era advinda da minha família: todos de camisa " Bem Vinda, Maysa".
Na maternidade todo mundo comentou que nunca haviam visto uma espera tão grande. A pediatra disse: Maysa é uma criança muito amada!
Quando fui chamada pro Centro Cirúrgico não consegui conter as lágrimas - eu sairia dali com minha filha na barriga e voltaria com ela nos braços.
Meu marido, que renunciara a participação no parto, 15 dias antes mudou de ideia e realmente entrou comigo. Pensei que na hora H ele fosse voltar atrás. Mas ele me surpreendeu. Rs
Entrei sozinha pro preparo e ele ficou aguardando. Imaginei que ele fosse junto na mesma hora.
Eu nunca havia me deparado com um centro cirúrgico. Que coisa horrível, pensei.
Uma maca no centro da sala, aparelhos de pressão e pra conferir os batimentos cardíacos. Vários "botijões" de oxigênio e muitos profissionais transitando de um lado pro outro. Para além de muitos remédios.
Trocaram minha roupa pela segunda vez e me puseram deitada. Aquelas pessoas de máscara e touca passavam por mim sem nada dizer. Eu via seus olhos e ficava aterrorizada, procurando meu médico em cada um deles.
Permaneci deitada durante uma hora ( havia um relógio na parede em que eu não tirava a vista ). Quanto mais o tempo passava mais eu me agoniava.
Até que a pediatra se apresentou pra mim e disse que acompanharia o parto, era a profissional responsável pela Maysa.
Me mandaram deitar de lado pra respirar melhor, eu e a neném. Deitei.
E ai chegou o anestesista sorrindo e dizendo: cesárea é uma cirurgia que todo mundo gosta de fazer.
Respondi: não eu! Kkkkkkk
Me puseram sentada. Eu já sabia que viria a famosa anestesia.
Reclamei, não da dor, mas do incômodo: ai ai ai! Foi rápido. Me colocaram deitada.
Eu disse que minhas pernas estavam queimando e ouvi responderem: ótimo, sinal que a anestesia está fazendo efeito.
Que coisa louca! Eu tentava movimentar meu corpo do peito pra baixo e nada. Eu estava paralisada!
Tentava me mexer como se estivesse dançando, mas nada. Estava tudo inerte.
Vi entrar um dos cirurgiões e disse que estava nervosa. Perguntei por Dr. Genésio e de imediato ele se mostrou pra mim. Sorri agradecida.
Colocaram a cortina, aquela famosinha que a gente vê nas fotos.
Vai começar, tremi na base. Deus me abençoe.
Rezei, rezei, rezei. Rezei Pai Nosso, Ave Maria. Eu me concentrei em pedir a Deus um bom parto.
Senti falta de ar, disseram que minha respiração estava normal: era só nervosismo.
Meu nariz entupiu, os dois lados. Informei que não conseguia respirar. Colocaram oxigênio.
Ouvi: chama o marido, manda o marido entrar!
Vi Mayco todo de verde, ali do meu lado. Ele perguntou se eu estava bem e eu disse que não.
Olhei pro lado e vi o anestesista colocando um remédio injetável, ele explicou que era um sedativo pq eu estava muito tensa.
Eu queria que acabasse logo. Eu estava nervosa.
Mayco disse: ela nasceu, Maysa saiu.
Eu não me contive. Comecei a chorar.
A trouxeram do meu lado. Foi tão rápido.
Fechei os olhos e agradeci a Deus pela minha filha. Faltava " me fecharem".
Dai em diante não recordo mais nada. Lembro apenas de me passarem pra outra maca e me colocarem no corredor.
Todos falavam dos meus olhos e perguntavam se a nene tinha nascido com eles assim, azuis.
Não lembro de como foi quando cheguei ao quarto. Eu estava sonolenta.
Lembro de mais uma vez me passarem da maca pra cama.
E lá estava Maysa, toda de rosa, a espera da primeira mamada.
Foi um dia tenso, mas Deus colocou suas mãos sobre nós e deu tudo certo.
É um momento magico. Graças a Deus deu tudo certo e hoje vc esta com seu maior presente nos braços.
ResponderExcluirMeu Deus como me identifico com cada letra escrita nesse relato.... estou na reta final...essa semana conheço helena.... e a ansiedade paira na ar por aqui.... que deus me proteja como protegeu vcs... e que Ele abençoe a pequena Maysa..... tudo passou.... graças a Deus.... Bjusss
ResponderExcluirDesejo que Deus acompanhe seu parto e que Helena chegue com muita saúde, enchendo seu coração de paz e alegria.
ExcluirVc tem Snap, face ou Instagram? Podemos conversar por lá tá bém. Tenho ctz que vamos trocar experiência.
Vai dar tudo certo. Acredite!
Graças a Ele, Aline.
ResponderExcluirAgora estamos na fase de adaptação, criando uma rotina.
Estou aprendendo a lidar com os medos que surgem com a chegada de um RN.
Beijos